Nova pesquisa aponta impacto de entrevistas dos candidatos na Globo

Segundo levantamento BTG/FSB, Lula oscilou para baixo dentro da margem de erro e ficou com 43% das intenções de voto; Bolsonaro segue com 36%

Lula vs. Bolsonaro: candidatos continuam a polarizar a disputa eleitoral em 2022
29 de Agosto, 2022 | 03:06 PM

Bloomberg Línea — As entrevistas dos quatro candidatos à frente das pesquisas ao Jornal Nacional, da rede Globo, na última semana, tiveram ao que parece um impacto limitado no desempenho deles entre os eleitores, a julgar pela pesquisa BTG/FSB divulgada nesta segunda-feira (29).

Enquanto o ex-presidente Lula (PT) oscilou dois pontos para baixo e ficou com 43% das intenções de voto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) continuou com os 36% que havia conseguido na última pesquisa, divulgada há uma semana.

PUBLICIDADE

Depois deles, vêm os candidatos Ciro Gomes (PDT), que saiu de 6% para 9% em uma semana, e Simone Tebet (MDB), que seguiu com 4%.

Segundo a FSB, o cenário indica que haverá segundo turno: a soma de todos os candidatos exceto Lula chega a 51% dos votos.

A pesquisa foi realizada por telefone entre os dias 27 e 28 de agosto. É a primeira depois da rodada de entrevistas dos candidatos ao Jornal Nacional, de segunda à sexta da semana passada. Mas não captou a reação dos eleitores ao debate entre os candidatos transmitido pela Bandeirantes, em conjunto com TV Cultura, jornal Folha de S. Paulo e portal UOL, no domingo (28) à noite.

PUBLICIDADE

Para a FSB, a estabilidade no cenário “pode em boa parte ser explicada” pelas intenções de voto de quem recebe o Auxílio Brasil, versão bolsonarista do Bolsa Família petista. Dos entrevistados pela FSB, 83% não recebem o Auxílio Brasil, 9% não recebem, mas moram com alguém que recebe, e 7% recebem.

Segundo a pesquisa, 58% dos que recebem o dinheiro declararam voto em Lula, mesmo percentual da semana passada. Bolsonaro caiu nesse público, saiu de 31% e foi para 24%.

Lula também é favorito entre quem não recebe o Auxílio, mas mora com alguém que recebe: ganha por 62% a 24%. Entre os que não recebem nem moram com alguém que recebe, Lula é o escolhido de 39%, e Bolsonaro, de 38%.

PUBLICIDADE

Lula caiu, no entanto, na preferência entre as mulheres. Na semana passada, ele batia Bolsonaro por 51% a 38% no segmento. Na pesquisa desta segunda, o placar ficou em 46% a 39%. Quem mais cresceu entre as eleitoras foi Ciro Gomes, que estava em 5% e chegou a 9%.

A rejeição aos líderes das pesquisas também se manteve estável. Bolsonaro é o dono da maior rejeição, 55%, mesmo patamar há um mês, quando atingiu a mínima de 53%. A rejeição de Lula subiu um ponto em uma semana e ficou em 45% dos pesquisados. Empate técnico com Ciro, que viu a rejeição cair cinco pontos para 46% depois da entrevista ao JN.

A rodada de entrevistas também não serviu para mexer na avaliação (ruim) que os eleitores têm do governo Bolsonaro. Segundo a pesquisa, o índice de “ruim ou péssimo” continua nos mesmos 45% da segunda-feira da semana passada. Em relação ao fim de junho, a queda é de cinco pontos percentuais.

PUBLICIDADE

A desaprovação da forma de Bolsonaro governar também ficou estável, em 55%. A aprovação subiu no limite da margem de erro, de 38% para 40%.

As avaliações negativas do governo e a rejeição à figura do presidente têm sido considerados os principais obstáculos ao crescimento do desempenho dele nas pesquisas. Segundo o diretor do Instituto FSB Pesquisa, Marcelo Tokarski, responsável pelas pesquisas eleitorais financiadas pelo BTG, a campanha de Bolsonaro aposta no horário eleitoral na televisão para melhorar a imagem do governo.

A percepção dos eleitores sobre a economia, embora permaneça estável, vem dando sinais de melhora, o que pode favorecer o governo. Pela primeira vez, o fatia dos que acham que os preços vão aumentar ficou abaixo da dos que acham que os preços vão diminuir. O placar ficou em 34% a 33%.

Os que acreditam que os preços aumentaram nos últimos três meses ficou nos mesmos 81% da semana passada - esse índice vinha em queda constante desde a pesquisa de 27 de junho, quando bateu o pico de 97%.

A pesquisa ouviu duas mil pessoas por telefone entre os dias 26 e 28 de agosto. A margem de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-08934/2022.

Leia também

Datafolha: Bolsonaro cresce, mas ainda fica 15 pontos atrás de Lula

Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.