Bloomberg Línea — Os dividendos de empresas brasileiras saltaram 163,6% no segundo trimestre, para US$ 10,4 bilhões, acima dos US$ 4,2 bilhões apresentados um ano antes. Os dados, que representam o maior valor da série histórica, fazem parte do estudo “Global Dividend Index”, recém-divulgado pela gestora global Janus Henderson.
No período, o topo do ranking de pagadoras foi ocupado pela Petrobras (PETR3; PETR4), que não liderou apenas o grupo de brasileiras como também a nível global. A petroleira distribuiu aos cotistas US$ 9,7 bilhões no trimestre – acima do US$ 1 bilhão pago no segundo trimestre de 2021.
Além do aumento dos preços do petróleo, a companhia também se beneficiou, segundo a gestora, de fatores sazonais, como a valorização do dólar ante o real.
Também aparecem no índice as brasileiras JBS (JBSS3) e Bradesco (BBDC4), com pagamentos de US$ 465 milhões e US$ 219 milhões de dividendos, respectivamente, entre abril e junho deste ano.
América Latina
Na América Latina, produtores de petróleo contribuíram para o crescimento do pagamento de dividendos no segundo trimestre com as receitas elevadas advindas das atividades no setor de petróleo & gás, em especial em mercados-chave, como Brasil e Colômbia.
O setor de bancos também apresentou aumento nos proventos, assim como empresas de consumo discricionário (não essencial), principalmente os fabricantes de automóveis.
Além do Brasil, a Colômbia também registrou um grande aumento na distribuição de proventos em relação a 2021, com um pagamento de US$ 4,2 bilhões no trimestre, ante US$ 0,2 bilhão no mesmo período de 2021.
No México, os dividendos das empresas cresceram no ranking, somando até US$ 3,3 bilhões (ante US$ 2,4 bilhões um ano antes). Já as empresas do Chile dobraram seus resultados, mas a partir de uma base baixa (US$ 0,2 bilhão, acima do US$ 0,1 bilhão registrado pela Copec).
Nos mercados emergentes, os dividendos subiram 22,7% em uma base subjacente – o que foi visto como “impressionante” pela gestora, dada a ampla dispersão do desempenho na região.
Dividendos pelo mundo: recorde
Quando analisados os dividendos sob a ótica global, o estudo mostrou um novo recorde trimestral: US$ pagamento de 544,8 bilhões, alta de 11,3% na base anual. O crescimento subjacente (ajustado a mudanças nas taxas de câmbio, dividendos especiais pontuais etc.) foi ainda maior, de 19,1%.
Apesar do forte impacto econômico da pandemia de covid, os dividendos globais se recuperaram, no último trimestre, da queda testemunhada durante a pandemia. Agora, os dividendos estão apenas 2,3% abaixo da tendência de longo prazo, embora esse déficit marginal possa ser atribuído à força recente do dólar.
De acordo com a Janus Henderson, que tem cerca de US$ 300 bilhões em ativos sob gestão, os fortes números seguem um 2021 muito lucrativo, quando as empresas aproveitaram o aumento das vendas e a expansão das margens de lucro com a crescente demanda pós-pandemia. No total, 94% das empresas aumentaram os pagamentos ou os mantiveram estáveis no segundo trimestre.
“O segundo trimestre foi um pouco acima das nossas expectativas, mas é improvável que vejamos um crescimento tão forte no resto do ano. Muitos dos ganhos fáceis já foram obtidos, pois a recuperação pós-covid-19 está quase completa. Também estamos enfrentando uma economia global significativamente mais lenta e o vento contrário da força do dólar americano”
Ben Lofthouse, head de Global Equity Income, em nota.
Para algumas áreas, contudo, Lofthouse diz esperar que as empresas continuem pagando dividendos significativamente maiores do que a média global. “Na América Latina, a continuidade dos preços fortes e o aumento dos ganhos em moeda local devido à forte valorização do dólar – que é a moeda global para todas essas indústrias de exportação – devem manter os fluxos de caixa locais em níveis historicamente altos”, completa.
Para o acumulado de 2022, a Janus Henderson espera agora que os pagamentos de dividendos somem US$ 1,56 trilhão, um aumento de 5,8% em uma base principal, equivalente a um aumento subjacente de 8,5%.
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