Quanto ganham os CEOs de grandes empresas da América Latina?

Salários fixos de executivos no México são superiores aos do Brasil; já na Argentina, a diferença do câmbio é um grande desafio aos profissionais

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Bloomberg Línea — Os CEOs, principais líderes das organizações, têm salários muito superiores aos dos demais profissionais do nível executivo. Mas os salários estão geralmente diretamente relacionados ao tamanho da organização, ao setor ao qual ela pertence e à situação local, entre outros. E é por essa razão que o montante difere não só entre empresas mas também entre países.

A Bloomberg Línea teve acesso a um estudo realizado pela empresa de consultoria e recrutamento Page Executive, do Page Group, no início de 2022, no qual foram pesquisados os salários dos CEOs nos principais países da América Latina. Uma das primeiras conclusões do estudo ao comparar as duas maiores economias da região é que, em todos os tamanhos de empresas, os CEOs que trabalham no México recebem salários fixos muito mais altos do que os das empresas brasileiras.

Entretanto o salário fixo mais alto não é encontrado em nenhum desses dois países, mas na Colômbia, onde um líder da empresa pode ganhar até US$ 460 mil por ano.

Existem faixas nas quais os salários fixos dos CEOs no Brasil são mais baixos do que no Peru, no Chile ou na Colômbia. No entanto isso pode ser qualificado por um detalhe não menos importante: o Brasil é o país em que o valor final é mais influenciado pela remuneração variável, como bônus, comissões, stock options etc.).

De fato, o estudo menciona que, ao comentar sobre novos benefícios para os executivos, um CEO brasileiro afirmou que “foram implementados bônus especiais de desempenho, além das remunerações fixas e variáveis já estabelecidas e programas específicos para descanso e desconexão”.

Por outro lado, ao avaliar o que está acontecendo na Argentina, a terceira maior economia da região, pode-se observar que as flutuações das taxas de câmbio têm um efeito muito intenso sobre os salários. Se a análise fosse orientada pela taxa de câmbio oficial do dólar, pode-se acreditar que a Argentina paga os salários mais altos aos CEOs entre os países da região: no fim de 2021, o salário máximo anual de um CEO na Argentina era de US$ 600 mil.

Entretanto, exceto os importadores, praticamente ninguém na Argentina tem acesso ao dólar oficial. Portanto, quando um CEO argentino é pago em pesos e tenta se dolarizar para não sair prejudicado contra a inflação premente do país (mais de 70% ao ano), ele deve acessar um dólar que custa mais que o dobro do câmbio oficial. Ou seja, o CEO argentino cujo salário fixo no relatório era de US$ 600 mil pode não ser capaz de comprar o equivalente a US$ 300 mil por ano.

O estudo da PageExecutive foi realizado a partir de pesquisas com 1.000 executivos na Argentina (13%), no Brasil (23,6%), no Chile (13,6%), na Colômbia (10,5%), no México (21,1%), no Peru (15,8%) e em outros países (2,4%).

México

  • Entre as empresas com faturamento superior a US$ 250 milhões, os salários de CEOs que trabalham no México variam de US$ 260 mil a US$ 410 mil em salários fixos e um valor variável que pode adicionar 30% a 40% a esse total.
  • Em empresas com faturamento inferior a US$ 50 milhões por ano, o salário fixo do CEO varia de US$ 120 mil a US$ 150 mil. Em empresas desse porte, a remuneração variável pode representar de 15% a 20%.
  • Em empresas com faturamento entre US$ 50 milhões e US$ 150 milhões, um CEO no México pode ganhar entre US$ 140 mil e US$ 200 em remuneração fixa, com remuneração variável que varia entre 20% e 25% do salário.
  • Em empresas com faturamento que varia de US$ 150 milhões a US$ 250 milhões, a remuneração de um CEO pode estar entre US$ 200 mil e US$ 280 mil de salário fixo e bônus variável de 25% a 30%.
  • Até agora, este ano, o peso mexicano tem se valorizado em termos nominais, portanto, se os executivos mantiverem uma remuneração semelhante, é bem possível que o salário em dólar tenha se valorizado.

Brasil

  • No país com o maior PIB da região, um CEO pode ganhar entre US$ 180 mil e US$ 320 mil em empresas com faturamento de mais de US$ 250 milhões. Por outro lado, é o país em que a remuneração variável tem maior peso. Em empresas nessa faixa de faturamento, essa remuneração acrescenta de 40% a 50% ao salário final.
  • Em empresas com um faturamento inferior a US$ 50 milhões, um CEO no Brasil pode ganhar salário fixo de US$ 95 mil a US$ 120 mil e adicionar um componente variável de 15 a 20%. O salário fixo mínimo do México equivale ao salário máximo da Colômbia e do Brasil.
  • Em empresas médias, pode-se descobrir que o salário mínimo do CEO é de US$ 110 mil por ano e o máximo é de US$ 190 mil. A remuneração variável fica entre 20% a 40% neste setor.
  • O Brasil foi o país com o maior percentual de entrevistados que recebem remuneração variável (77,4% do total da amostra).

Argentina

  • Os salários dos CEOs na Argentina são os mais baixos da região se a referência for o dólar financeiro, ou seja, a única moeda legal que um executivo pode comprar fora do mercado formal. Essas cotações surgem implicitamente da compra de um título em pesos e da sua liquidação em dólares.
  • O estudo mostra que, em 19 de novembro de 2021, o CEO mais bem pago da Argentina recebia em torno de 60 milhões de pesos por ano, o que equivale, segundo o câmbio paralelo, a cerca de US$ 295 mil, com um componente variável de 30%.
  • Em empresas intermediárias, o mais alto executivo ainda fica abaixo da média regional. Em uma empresa com um faturamento entre US$ 50 milhões e US$ 150 milhões, um CEO ganha uma remuneração máxima de 22 milhões de pesos, sendo equivalente a um salário fixo de US$ 108.358. Esse valor é pouco mais da metade do que alguém do mesmo nível no Peru ganharia.
  • Entre as empresas com faturamento inferior a US$ 50 milhões por ano, um CEO argentino ganha entre 10 milhões e 13 milhões de pesos, o equivalente a US$ 49 mil a US$ 64 mil.
  • É possível que os CEOs que trabalham na Argentina tenham acordado com as diretorias das empresas grandes ajustes salariais para compensar a enorme inflação no país. No entanto, o dólar livre apresentou valorização de mais de 47% durante o ano.

Colômbia

  • As empresas colombianas com faturamento superior a US$ 250 milhões ao ano pagam a seus executivos os salários mais altos entre os pesquisados: o valor fixo para o segmento varia de US$ 260 mil a US$ 460 mil por ano, com um componente variável entre 30% e 40%.
  • Entre as empresas que faturam menos de US$ 50 milhões por ano, os salários dos CEO variam de US$ 77 mil a US$ 120 mil por ano, com um componente variável entre 15% e 25%.
  • Empresas com faturamento anual entre US$ 50 milhões e US$ 150 milhões pagam a seus CEOS de US$ 120 mil a US$ 180 mil fixos, com salários variáveis que variam entre 20% a 25%.
  • CEOs de empresas que faturam entre US$ 150 milhões a US$ 250 milhões podem ganhar entre US$ 180 mil e US$ 260 mil, com adicional variável de 25% a 30%.

Chile

  • Executivos de alto escalão recebem entre US$ 230 mil e US$ 380 mil por ano em empresas chilenas com faturamento superior a US$ 250 milhões por ano. Essas empresas ainda oferecem um componente variável que pode chegar a 45%
  • Os salários para CEOs variam entre US$ 75 mil e US$ 150 mil em empresas que faturam até US$ 50 milhões por ano. Em empresas desse porte, a remuneração variável fica entre 20% e 25%.
  • Em empresas com faturamento entre US$ 50 milhões e US$ 250 milhões por ano, um CEO pode ganhar entre US$ 120 mil e US$ 270 mil, além da remuneração variável entre 25% e 35%.

Peru

  • As empresas com um faturamento de mais de US$ 250 milhões por ano conseguem oferecer a seus CEOs uma remuneração entre US$ 200 mil e US$ 400 mil. A quantia variável nesse segmento é igual à do Brasil – até 50%.
  • CEOs de empresas de menor faturamento podem ganhar entre US$ 70 mil e US$ 150 mil, além de remuneração variável entre 10% e 15%.
  • Em empresas com um faturamento entre US$ 50 milhões e US$ 150 milhões, o salário fixo de um CEO no Peru pode variar entre US$ 100 mil e US$ 200 mil, com um adicional variável entre 15% e 25%.
  • O alto executivo de uma empresa peruana com faturamento entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões pode ter salário fixo de US$ 170 mil a US$ 300 mil e componente variável entre 20% e 35%.

Segredo guardado a sete chaves

De acordo com uma pesquisa do LinkedIn, profissionais nesse tipo de cargo não estão dispostas a compartilhar seu salário com ninguém. Nem colegas nem pares de outras empresas nem amigos próximos. A pesquisa abrangeu 19 mil profissionais entrevistados em junho e julho.

Enquanto a maioria dos trabalhadores em cargos menos seniores disseram que contariam a suas famílias sobre seu salário e 31% deles contariam a amigos próximos, quase um quarto dos vice-presidentes, executivos seniores e proprietários de empresas dizem que não contariam a ninguém.

“Quando se trata de altos executivos, o desejo de manter o segredo continua surpreendentemente forte”, disse George Anders, editor sênior do LinkedIn, em publicação on-line.

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