A estratégia (secreta) da Apple para entrar na categoria da realidade virtual

Pedidos de registros em diferentes países por meio de empresas de fachada seguem padrão adotado com o iPhone e sugerem marcas para o novo produto

El logotipo de Apple Inc. se muestra en la tienda de Apple del Upper West Side en Nueva York, Estados Unidos, el domingo 20 de julio de 2014.  Fotógrafo: Michael Nagle
Por Mark Gurman
28 de Agosto, 2022 | 07:50 PM
Últimas cotações

Bloomberg — Pedidos de registro de marcas sugerem que a Apple (AAPL) pode estar em busca de nomes potenciais para o seu tão esperado headset de realidade virtual, parte do movimento da gigante de tecnologia rumo à sua primeira nova categoria de produtos em anos.

Foram feitos pedidos pelos nomes “Reality One”, Reality Pro” e “Reality Processor” nos mercados dos Estados Unidos, da União Europeia, do Reino Unido, do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia, da Arábia Saudita, da Costa Rica e do Uruguai.

Embora as petições não tenham sido enviadas pela própria Apple, elas seguem o padrão já usado pela empresa no passado, com o iPhone - inclusive recrutando escritórios de advocacia que a empresa já usou antes para bloquear marcas.

Espera-se que o headset da empresa cofundada por Steve Jobs e Steve Wozniak combine tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada e coloque a empresa em competição mais próxima com a Meta (FB), fornecedora líder de equipamentos de VR. Já faz sete anos desde que a Apple entrou em uma nova categoria de produtos pela última vez, com o Apple Watch.

PUBLICIDADE

Uma porta-voz da empresa se recusou a comentar as petições. Os pedidos de registro de marca ainda não foram aprovados e não há garantia de que os futuros produtos da Apple tenham algum desses nomes.

Ainda assim, algumas pistas sugerem que a Apple está lançando as bases para a expansão para headsets. No início do ano, pedidos de registro de marca ligados à Apple foram feitos também para o nome RealityOS.

Estratégia para patentes

Todos os novos pedidos de registro foram feitos em nome de uma empresa de fachada chamada Immersive Health Solutions LLC, que foi incorporada em fevereiro, segundo documentos obtidos pela Bloomberg News. A companhia foi registrada por outra empresa de fachada de Delaware, nos Estados Unidos, chamada Corporation Trust, tipicamente usada para entrar com petições em nome de empresas que não querem aparecer. O registro de RealityOS foi feito por essa empresa.

Para pedir o registro da marca, um processo que começou no Canadá com um pedido original em fevereiro e em vários outros países em agosto, a empresa por trás das marcas contou com vários escritórios de advocacia de renome e boutiques em cada país.

Nos EUA, no Canadá e na Nova Zelândia, o requerente recrutou escritórios de advocacia que a Apple usou no passado para registrar marcas ou para outros assuntos. Na Nova Zelândia, por exemplo, o escritório de advocacia Simpson Grierson foi usado para os pedidos de registro de “Reality”. A Apple confiou nessa mesma empresa para registrar o nome corporativo Apple Sales New Zealand.

A Apple há muito tempo segue esse mesmo processo para registrar os próximos nomes de produtos meses ou anos antes de sua estreia oficial. A abordagem permite que a Apple garanta os nomes antecipadamente com menos risco de ter que comprá-los mais tarde de outro detentor de marca registrada. A empresa não adotou a abordagem antes do lançamento do iPhone em 2007 e acabou precisando chegar a um acordo com a Cisco Systems.

A Apple quer lançar seu primeiro equipamento de “mixed-reality” para o mercado de ponta em 2023, mas o aparelho tem enfrentado problemas com sensores de câmera, software e com superaquecimento durante o desenvolvimento.

PUBLICIDADE

O próximo ‘Pro’ da Apple

Se a Apple está de fato por trás das marcas, “Reality One” e “Reality Pro” podem ser opções para o novo produto. A empresa também pode estar registrando vários nomes caso queira lançar uma variedade de dispositivos no futuro.

A Apple normalmente usa o apelido “Pro” para produtos de ponta, incluindo o iPhone 13 Pro, iPad Pro e MacBook Pro. Também colocou “One” em ofertas anteriores, como os pacotes de assinatura do Apple One.

Espera-se que o primeiro headset da Apple - codinome N301 - seja um dos modelos mais poderosos e caros do mercado quando for lançado, e a empresa já está trabalhando em dispositivos de acompanhamento. Dentro da Apple, o dispositivo às vezes é chamado de “Reality”, indicando que o termo está pelo menos sendo considerado para o produto.

Um modelo subsequente, chamado internamente de N602, bem como um par leve de óculos de realidade aumentada conhecido como N421, não devem ser lançados até o final desta década. A Apple mostrou o primeiro fone de ouvido para seu conselho no início deste ano, indicando que o dispositivo estava próximo do lançamento.

Filmes e jogos em VR e AR

A marca registrada de “Reality Processor” pode se referir a um chip especializado destinado ao fone de ouvido. A empresa planeja usar um sistema em um chip M2 com 16 gigabytes de memória para o dispositivo, mas pode precisar de tecnologia de processamento adicional para lidar com gráficos VR e AR de alta resolução.

O nome Reality corresponderia ao nome planejado para o software do fone de ouvido. O dispositivo incluirá seu próprio sistema operacional, chamado de “RealityOS”, informou a Bloomberg News. A abordagem seria semelhante à Apple com o nome watchOS para o software do Apple Watch. A Apple já oferece o RealityKit, um conjunto de frameworks para desenvolvedores fazerem aplicativos AR para o iPhone.

Espera-se que o fone de ouvido da Apple inclua versões baseadas em VR de aplicativos da Apple, como Maps e FaceTime, além de recursos de colaboração para vários usuários usando os fones de ouvido. Também está programado para se concentrar no consumo de conteúdo de mídia, como esportes e filmes em VR e jogos. As marcas registradas mais recentes também implicam que o dispositivo pode ter funções relacionadas à saúde.

O headset inicial da Apple vai competir com o próximo Quest Pro da Meta, que a empresa planeja estrear em outubro com recursos como rastreamento ocular e corporal. Google, Samsung e outros concorrentes da Apple também estão explorando seus próprios dispositivos VR e AR.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Exclusivo: Os planos do Facebook para expandir o metaverso na América Latina

Tim Cook: ‘Brasil teve crescimento muito forte de dois dígitos para a Apple’

© 2022 Bloomberg L.P.