Sampa Sky: 5 curiosidades sobre o ‘andar de vidro’ no prédio mais alto de SP

Ponto turístico tem inspiração em decks como o do Willis Tower, em Chicago, funciona em sistema de ‘gavetas’ e será expandido para oferecer visão em 360 graus

Uma das vistas do Sampa Sky, no 42º andar do Edifício Mirante do Vale, a 150 metros de altura
27 de Agosto, 2022 | 11:27 AM

Bloomberg Línea — O Sampa Sky, atração turística no centro de São Paulo que oferece aos visitantes a experiência de “andar” nas alturas, a 150 metros do solo, viralizou nesta semana com imagens de uma das camadas de vidro trincada. Não houve feridos e a camada será substituída por uma nova.

O observatório em formato de “gaveta de vidro” localizado no 42º andar do Edifício Mirante do Vale, por quase meio século o prédio mais alto de São Paulo - embora esteja prestes a perder esse status para o Platina 220, com 50 andares, dos 46 ocupados -, tornou-se um dos pontos turísticos mais concorridos da maior cidade do país. É também um dos prédios mais altos do Brasil.

Cerca de 500 pessoas visitam diariamente o ponto turístico e pagam ingressos que chegam a R$ 100. Para a Prefeitura de São Paulo, a importância do observatório “deve ser considerada como elemento de renovação do centro da capital”, segundo nota à Bloomberg Línea.

Inspirado no SkyDeck, uma “caixa de vidro” a mais de 400 metros de altura no topo do prédio mais alto de Chicago, o Willis Tower (ex-Sears Tower), a versão brasileira ganhou vida em agosto de 2021 com a abertura ao público.

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O espaço no Mirante do Vale já pertencia aos sócios Alessandro Martinelli e Antônio Caldeira, um publicitário e um administrador com formação em direito, respectivamente. Eles vislumbraram nos 1.500 metros quadrados uma oportunidade de explorar o turismo. “Não teve investidor, fundo ou banco. Decidimos bancar do próprio bolso”, disse Martinelli à Bloomberg Línea sem abrir números.

Veja abaixo 5 curiosidades sobre o Sampa Sky:

1. Afinal, por que gaveta?

O projeto levou dois anos para ser entregue, dos quais oito meses foram de estudos sobre as “gavetas” panorâmicas. Martinelli explicou o motivo de o mirante ser chamado de “gaveta”: elas se movem “para fora” do Mirante do Vale, de forma que a fachada histórica do edifício não seja alterada.

A estrutura, segundo os criadores, pesa 4 toneladas, e tem uma resistência superior a 30 toneladas, formada por uma base de quatro camadas de vidros de 10 mm e três camadas de PVB (polivinil butiral). Ao todo, cada um dois dois decks formados possui 2,5 metros de extensão.

“Os trilhos ficam no chão e no teto, sustentados por uma estrutura de ferro flutuante, na parte de cima, e não embaixo, como outros mirantes de vidro espalhados pelo mundo”, contou.

2. Receitas de R$ 4 milhões

Martinelli diz que o faturamento chegou a R$ 4 milhões no primeiro ano de funcionamento, com um crescimento mais significativo nos últimos meses. No entanto, segundo ele, o investimento total ainda não se pagou - ele não revelou o montante gasto com o projeto.

As fontes de receita vêm da venda de ingressos (de R$ 40 a R$ 100), da operação de alimentos e bebidas, que conta com um bar patrocinado pela Ambev e um café pelo Grupo 3 Corações, da loja de souvenirs, de eventos e parcerias de visitas com escolas.

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“Não deu lucro ainda, mas o dia-a-dia é de sucesso, tanto que estamos reinvestindo”, afirmou Martinelli. Entre outros patrocinadores estão também a Tempermax, de processamento dos vidros, e a Frisatta, de empanadas, que em breve serão comercializadas no local.

Outra curiosidade é que a entrada social, que varia de R$ 50 a R$ 60 mais 1kg de alimento, já acumulou 35 toneladas de alimentos doados e posteriormente encaminhados para a Associação Franciscana de Solidariedade (SEFRAS), que produz e distribui marmitas para pessoas em situação de rua.

3. Capacidade dobrada

Martinelli e Caldeira querem dobrar a capacidade da atração até o final deste ano. Como? Construindo mais dois decks na outra metade do andar que está ociosa e tem cerca de 750 metros.

A expansão, segundo Martinelli, faz parte de um projeto de “profissionalização”, nas palavras dele, com um olhar mais voltado para eventos e uma estrutura que abrigará uma cozinha industrial e deve ser entregue até dezembro.

Com a inauguração, o espaço comportará 600 pessoas ao todo. Por causa do sucesso do ponto turístico, Martinelli contou que representantes de outras cidades começaram a procurá-los para expandir o modelo pelo país, o que ele acredita que pode acontecer em breve.

Um dos ângulos do Sampa Sky

4. 360º de visão

A 150 metros de altura, o projeto atual possui dois decks, um voltado para a face sul, com vista do Vale do Anhangabaú sobre o Viaduto Santa Efigênia, e outro para a zona leste, que fica sobre a Avenida Prestes Maia. Os dois novos decks serão voltados para a face norte e a face sul com lateral para a face oeste, onde o sol se põe, o que permitiria no conjunto das “gavetas” uma visão de 360º a partir do espaço.

“Absolutamente nada no horizonte tira a nossa visão. É uma forma inédita de ver a cidade, vista como ela realmente merece”, disse Martinelli.

5. Inspirações pelo mundo

Embora o projeto tenha características particulares, a inspiração veio, além do SkyDeck de Chicago, de outras instalações de mirantes sobre prédios semelhantes ao redor do mundo.

Entre elas, os sócios destacam o Observation Edge, de Nova York; o Skytree, em Tóquio; o Observation Deck, em Toronto; o Sky Tower, na Nova Zelândia; o World Financial Center, em Xangai; e o Burj Khalifa, nos Emirados Árabes, o edifício mais alto do mundo, com 828 metros de altura.

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.