Medidas do governo amorteceram parte do impacto da Selic na atividade, diz BofA

Para David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (BofA), segundo semestre não deve ser tão ruim quanto esperado

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Bloomberg — O cenário para crescimento no Brasil no segundo semestre deste ano melhorou, com o aumento da renda viabilizado pelo Auxílio Brasil turbinado e a redução nos preços da gasolina amortecendo parte dos impactos da política monetária na atividade, aponta David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (BofA), em entrevista.

Beker destaca que os efeitos da política monetária certamente trarão menos dinamismo para a economia na segunda metade do ano, mas avalia que o “ambiente mudou e está melhor”. Além da injeção “não desprezível” de estímulos que favorecem a renda e amortecem o efeito da Selic alta, ele cita o pico da inflação, que teria ficado para trás na sua análise, e o fim do ciclo de alta de juros pelo Banco Central como descompressores para a atividade.

“O segundo semestre não vai ser tão ruim quanto as pessoas imaginavam, tem uma mudança de percepção”, diz.

O banco reviu recentemente sua projeção para o PIB de 2022, de 1,5% para 2,5%. Para 2023, contudo, o ambiente ainda não é claro. Hoje, a projeção do BofA é de 0,9%. “Minha convicção sobre esse número é baixa, tem muita incerteza. Não sabemos quem ganha as eleições, o que vai fazer, não sabemos o que será feito sobre o corte de impostos”, diz, embora avalie que a desoneração sobre combustíveis deve seguir para além do fim deste ano.

Sobre eleições, Beker avalia que a grande pergunta a ser respondida envolve o futuro da âncora fiscal. Segundo ele, o banco trabalha com a existência de uma âncora, independentemente do governo. “Minha hipótese de trabalho é que não tem pra onde fugir”, diz.

Ele ainda avalia que o mercado tenta entender qual será o “novo normal” para os juros. Beker assume que o BC começará a ver espaço para cortar na virada do primeiro para o segundo semestre do ano que vem, mas não vê mais os juros tão baixos quanto no pré-pandemia. “Não volta para 2%, o novo normal para juros deve ficar mais perto de 8%”, resume.

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