Lula diz que não repetirá erros de Dilma e faz aceno a eleitor de centro

Sabatina do ex-presidente no horário nobre da Globo mostra candidato que busca passar a imagem de previsibilidade e moderação, como fez Jair Bolsonaro na segunda (22)

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Bloomberg Línea — Líder nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu liderar uma economia estável e evitar os erros de sua sucessora, Dilma Rousseff, se eleito. Em entrevista de 40 minutos em horário nobre no Jornal Nacional na quinta-feira (25), Lula disse que vai governar com previsibilidade, estabilidade e credibilidade, em comentários que visam tranquilizar eleitores indecisos e eleitores que têm dúvidas sobre um terceiro mandato para o candidato do PT.

Lula, de 76 anos, disse que seu governo reduziu a inflação, acumulou reservas internacionais e diminuiu os níveis de endividamento do país. E que faria o mesmo novamente se eleito, buscando reconstruir o sentimento de confiança dentro e fora do país. Ele destacou a escolha de Geraldo Alckmin, ex-adversário pró-mercado, como vice e companheiro de chapa em um exemplo de consenso político.

Ele também disse que trabalha em um grande plano de investimento em infraestrutura se eleito.

A campanha de Lula busca ampliar seu apelo até mesmo entre a classe média, enquanto o atual presidente, Jair Bolsonaro, reduz sua vantagem eleitoral a cerca de cinco semanas do primeiro turno das eleições, a ser realizada em 2 de outubro. Um eventual segundo turno será no dia 30 de outubro.

Os apelos do ex-líder sindical para que o Brasil tenha uma rede de segurança social mais forte e uma política de proteção ambiental mais atuante como prioridade se encaixam com a ascensão de líderes de esquerda nos vizinhos Colômbia e Chile.

Por outro lado, o atual governo está adotando medidas - como um pacote econômico de US$ 8 bilhões – para tentar mitigar o impacto da inflação e, ao mesmo tempo, melhorar suas chances de permanecer no poder.

Durante a entrevista, Lula fez uma crítica rara a Dilma Rousseff, ex-ministra que ele ajudou a eleger como sua sucessora na Presidência e que mais tarde foi destituída por impeachment em 2016, dizendo que os incentivos fiscais e os subsídios à gasolina sob seu governo foram um erro.

Lula apareceu no programa apesar de anteriormente culpar a mídia, especialmente a TV Globo e o Jornal Nacional, que transmitiu a entrevista desta quinta, pelos danos à sua reputação.

Em resposta a uma pergunta sobre a maior investigação de corrupção da história brasileira, a Operação Lava-Jato, Lula disse: “você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram”. Mas não explicou como poderia evitar tais escândalos se vencesse a eleição.

A investigação da Operação Lava-Jato manchou a imagem do Partido dos Trabalhadores e levou Lula à prisão por quase um ano e meio, embora ele tenha sido libertado depois que o Supremo Tribuna Federal (STF) anulou suas condenações por motivos processuais.

A vantagem de Lula encolheu de 18 para 15 pontos percentuais, segundo pesquisa DataFolha em 18 de agosto. Embora popular entre os pobres, ele está 13 pontos percentuais atrás de Bolsonaro entre os trabalhadores de classe média que ganham de R$ 6 mil e R$ 12 mil por mês.

Bolsonaro, por outro lado, apoiou a expansão da ajuda em dinheiro para os pobres, bem como cortes de impostos, da gasolina a serviços públicos, como parte de um esforço de última hora para aumentar sua popularidade. Os preços ao consumidor registraram a maior queda já registrada na prévia de agosto, proporcionando alívio para milhões de pessoas na maior economia da região.

- Com colaboração de Beatriz Reis.

- Com a Bloomberg Línea.

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