Bolsas ampliam queda e dólar recua após tom mais duro de Powell contra inflação

Mercados reagem ao discurso do presidente do Fede em Jackson Hole, que deixou claro que os juros vão continuar subindo por mais tempo

Presidente do Federal Reserve deve sinalizar hoje próximos passos da autoridade monetária no combate à inflação
26 de Agosto, 2022 | 03:45 PM

Bloomberg Línea — As bolsas aprofundaram as quedas nesta sexta-feira (26) após o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em Jackson Hole.

O dirigente afirmou que as taxas de juros dos Estados Unidos vão continuar altas por mais tempo, até as condições de inflação voltarem a ficar de acordo com expectativas da autoridade monetária.

Por aqui, o dólar acelerou a queda vista pela manhã, negociado abaixo de R$ 5,10, por volta das 15h40 (horário de Brasília), enquanto o Ibovespa (IBOV) recuava mais de 1%, tabém em linha com as bolsas internacionais.

Em Wall Street, as quedas superavam os 3% na Nasdaq, enquanto o S&P 500 caía 2,6%, caminhando para sua pior sessão desde junho.

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A reação do mercado foi considerada por alguns como um tipo de reação de “comprar-no-rumor-vender-nas-notícias”, uma vez que os mercados já estavam se preparando para um tom agressivo do presidente do Fed em Jackson Hole.

Outro motivo citado pelos traders para a derrocada das ações nesta sexta foi a preocupação de que uma política restritiva aumente as chances de uma recessão em 2023.

Confira o desempenho dos mercados nesta sexta-feira (26):

  • Por volta das 15h40 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 1,19%, aos 112.245 pontos;
  • O dólar à vista recuava 0,62%, a R$ 5,08;
  • Nos EUA, os índices caíam: o Dow Jones caía 2,30%, o S&P 500, 2,66%, enquanto a Nasdaq tinha baixa de 3,23%;
  • Na Europa, o índice Dax, da Alemanha, caiu 2,3%;

Contexto

Powell declarou que restaurar a estabilidade de preços “provavelmente vai exigir manter uma postura monetária apertada por algum tempo” e que a atual taxa de juros entre 2,25% e 2,50% não é o lugar para parar.

“Esses são os custos infelizes de reduzir para inflação, mas não restaurar a estabilidade dos preços significaria um sofrimento muito maior”, disse durante curta fala na abertura do simpósio de hoje.

Os novos dados de inflação, divulgados mais cedo nesta sexta, mostraram que o pico de preços parece ter ficado para trás, enquanto a economia do país desacelera. O índice de preços ao consumidor (PCE), amplamente seguido pelo Fed, teve alta de 0,1% em julho, menor que o mês passado e abaixo das expectativas.

Ontem, em outra divulgação, o PIB ajustado pela inflação do país, ou o valor total de todos os bens e serviços produzidos na economia americana, mostrou uma queda a uma taxa anualizada de 0,6% no período de abril a junho. Isso reflete uma revisão para cima nos gastos do consumidor e se compara a uma contração de 0,9% relatada anteriormente.

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-- Com informações da Bloomberg News

*Matéria atualizada às 15h40 (horário de Brasília)

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.

Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.