Custos de energia devem fazer juros subirem mais na Europa e no Reino Unido

Preocupações de que a Rússia continue a rebater as sanções ocidentais com cortes no fornecimento de gás natural puxam os preços para cima

“É tudo uma questão de preços de energia”, disse Peter Chatwell, chefe de macroestratégias globais da Mizuho International,
Por William Horobin e Libby Cherry
25 de Agosto, 2022 | 06:43 AM

Bloomberg — O mercado aposta que o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra terão que tomar medidas mais duras para conter a escalada de preços exacerbada pelas consequências da guerra da Rússia na Ucrânia.

Pela primeira vez na quarta-feira (24), os contratos swaps vinculados à data da decisão do BCE em outubro precificaram totalmente uma alta de juros de um ponto percentual. Isso levaria a taxa básica para 1%, um nível visto pela última vez há mais de uma década.

O mercado também elevou as apostas para a taxa básica do Banco da Inglaterra para 3,5% até o final do ano, ante menos de 3% há apenas 10 dias.

Preocupações de que a Rússia continue a rebater as sanções ocidentais com cortes no fornecimento de gás natural puxam para cima os preços de energia no Reino Unido e na Europa. Isso alimenta os temores de que a inflação - que já está no nível mais alto em décadas - se acelere, a menos que os formuladores de política monetária subam juros muito mais rápido do que o previsto anteriormente.

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“É tudo uma questão de preços de energia”, disse Peter Chatwell, chefe de macroestratégias globais da Mizuho International, acrescentando que os custos de importação mais altos pesam sobre o euro e a libra, o que, por sua vez, aumenta a inflação.

“Para parar essa espiral, os bancos centrais precisam se antecipar ao movimento, elevando juros de forma muito mais agressiva do que planejavam”, disse ele.

O mercado ficou sem pistas sobre a trajetória de juros do BCE, que rompeu com sua tradição de fornecer projeções. A autoridade monetária chocou muitos investidores ao aumentar juros em meio ponto percentual no mês passado, dizendo que seria necessária uma “abordagem reunião por reunião” a partir de então.

Quanto ao BOE, os preços do mercado monetário implicam que o banco central britânico aumentará juros em mais de meio ponto percentual em uma das próximas três decisões.

Mas o aperto não impediu que a libra e o euro se desvalorizassem. A libra enfraqueceu até 3,6% este mês para uma baixa de US$ 1,1718. A moeda comum europeia caiu abaixo da paridade pela segunda vez em dois meses, atingindo uma baixa de duas décadas de US$ 0,9901.

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