Custos de energia devem fazer juros subirem mais na Europa e no Reino Unido

Preocupações de que a Rússia continue a rebater as sanções ocidentais com cortes no fornecimento de gás natural puxam os preços para cima

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Bloomberg — O mercado aposta que o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra terão que tomar medidas mais duras para conter a escalada de preços exacerbada pelas consequências da guerra da Rússia na Ucrânia.

Pela primeira vez na quarta-feira (24), os contratos swaps vinculados à data da decisão do BCE em outubro precificaram totalmente uma alta de juros de um ponto percentual. Isso levaria a taxa básica para 1%, um nível visto pela última vez há mais de uma década.

O mercado também elevou as apostas para a taxa básica do Banco da Inglaterra para 3,5% até o final do ano, ante menos de 3% há apenas 10 dias.

Preocupações de que a Rússia continue a rebater as sanções ocidentais com cortes no fornecimento de gás natural puxam para cima os preços de energia no Reino Unido e na Europa. Isso alimenta os temores de que a inflação - que já está no nível mais alto em décadas - se acelere, a menos que os formuladores de política monetária subam juros muito mais rápido do que o previsto anteriormente.

“É tudo uma questão de preços de energia”, disse Peter Chatwell, chefe de macroestratégias globais da Mizuho International, acrescentando que os custos de importação mais altos pesam sobre o euro e a libra, o que, por sua vez, aumenta a inflação.

“Para parar essa espiral, os bancos centrais precisam se antecipar ao movimento, elevando juros de forma muito mais agressiva do que planejavam”, disse ele.

O mercado ficou sem pistas sobre a trajetória de juros do BCE, que rompeu com sua tradição de fornecer projeções. A autoridade monetária chocou muitos investidores ao aumentar juros em meio ponto percentual no mês passado, dizendo que seria necessária uma “abordagem reunião por reunião” a partir de então.

Quanto ao BOE, os preços do mercado monetário implicam que o banco central britânico aumentará juros em mais de meio ponto percentual em uma das próximas três decisões.

Mas o aperto não impediu que a libra e o euro se desvalorizassem. A libra enfraqueceu até 3,6% este mês para uma baixa de US$ 1,1718. A moeda comum europeia caiu abaixo da paridade pela segunda vez em dois meses, atingindo uma baixa de duas décadas de US$ 0,9901.

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