Bridgewater: ativos vão cair ainda de 20% a 25%, alerta head de investimento

Greg Jensen, co-CIO na maior gestora de fundos hedge do mundo, de Ray Dalio, diz que preços atuais não levam em conta impacto de juros mais altos e do aperto quantitativo

Bolsa de Nova York: ativos estão com preços descolados da economia real com o impacto das medidas do Fed, diz CIO da Bridgewater
Por Natalia Kniazhevich - Guy Johnson
25 de Agosto, 2022 | 05:11 PM

Bloomberg — Greg Jensen, co-CIO (diretor de investimentos) da Bridgewater Associates, a maior gestora de fundos hedge do mundo, disse que as ações estão enfrentando uma queda significativa que irá deixá-las alinhadas com a economia real.

“No total, os mercados de ativos cairão de 20% para 25%”, afirmou Jensen em entrevista à Bloomberg Television, em entrevista a Kailey Leinz e Guy Johnson no “Bloomberg Markets”.

A Bridgewater Associates foi fundada em 1975 por Ray Dalio, considerado um dos mais bem-sucedidos investidores da história, e tem cerca de US$ 150 bilhões em ativos sob gestão.

“O mercado está precificando que um declínio na inflação ocorra em uma economia relativamente estável”, disse Jensen, mas não está levando em consideração o impacto das taxas de juros mais altas e do aperto quantitativo do Federal Reserve, isto é, a redução do capital disponível no mercado por meio da compra de títulos.

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Jensen disse esperar que os aumentos do Quantitative Easing, ou simplesmente QT, e das taxas diminuam tanto a inflação quanto o crescimento econômico, e “infelizmente a inflação será mais persistente”, resultando em taxas de juros mais altas ao longo da curva, principalmente no longo prazo.

Os preços dos ativos também cairão, disse ele. “Eles precisam declinar”, citando uma grande desconexão entre a economia financeira e a economia real. “Ainda estamos 25% a 30% acima da relação normal entre fluxos de caixa e preços de ativos.”

Se o Fed for forçado a apertar a política por mais tempo diante da inflação persistente e se uma flexibilização esperada em seis a nove meses não se materializar, acrescentou ele, isso representará “um caminho difícil para os ativos”, em que a liquidez secará à medida que os lucros e a economia terão fraco crescimento.

Quando questionado sobre como investir em um mercado nessas condições, ele disse que “você não vai conseguir evitar totalmente isso”. Para investidores que estão apenas comprados, Jensen aconselhou “reduzir o risco e ser mais diversificado tanto globalmente quanto ambientalmente”.

Globalmente, ele contou esperar que a economia da zona do euro tenha contração de 4% nos próximos 6 a 12 meses, com os formuladores de políticas monetárias, como a francesa Christine Lagarde, enfrentando escolhas difíceis entre combater a inflação e promover o crescimento econômico.

A China está enfrentando uma situação muito “perigosa” lidando com a desaceleração econômica, a dívida e uma bolha imobiliária ao mesmo tempo em que o país está lidando com tensões sobre outro surto de Covid-19 e questões geopolíticas com Taiwan.

O fato de a China “fornecer estímulo do lado da oferta” enquanto se recusa a fazer o estímulo do “lado da demanda” também é um problema, disse ele.

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- Com colaboração de Kailey Leinz.

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