Bloomberg — A inflação deve arrefecer nos próximos meses e voltar para um patamar abaixo de 5% em 2023, com a ajuda do alívio dos preços dos alimentos e dos combustíveis, diz a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória.
A economista revisou recentemente o cenário da instituição para o IPCA e agora projeta uma alta de 6,5% do índice de inflação em 2022 e de 4,7% no ano que vem, mas já embute uma tendência de baixa nas previsões. “Em alguns exercícios, (a inflação em 2022) poderia chegar até em 6,3%. Tem um viés de baixa neste ano que eu levaria para o próximo, muito puxado por comercializáveis e cenário externo.”
Na segunda-feira (22), o boletim Focus do Banco Central trouxe uma revisão para baixo do IPCA de 2023 após 19 semanas de alta - para 5,33%, acima da estimativa do Inter.
A economista do banco Inter vê uma desaceleração na inflação de alimentos em agosto e setembro e uma retomada “bem mais comportada” da alta nos preços a partir de outubro, em meio ao recuo das commodities e a atividade global desaquecida.
Segundo Rafaela, a redução no preço dos combustíveis também tem potencial de diminuir a pressão sobre os preços dos alimentos. Além disso, a economista vê a inflação de serviços próxima do pico.
Fim do aperto
O comportamento dos preços deve deixar o Banco Central confortável para já interromper o ciclo de aperto monetário. Rafaela Vitória estima que a Selic não subirá além dos atuais 13,75% e espera o primeiro corte da taxa a partir do segundo trimestre do ano que vem - para até 9,5%.
Para a economista, há relativa folga nas pressões vindas do mercado de trabalho aquecido. Mas ela traça um limite: “Se (o desemprego) cair para 8% ou menos, poderíamos ver preocupação adicional para o BC”.
Fiscal
A economista também tem uma visão menos pessimista sobre a situação fiscal do país para o próximo ano. Para ela, é possível crer numa “arrecadação robusta” em 2023, dado o desempenho forte de alguns setores da economia. “Tem um PIB maior, não vemos perda de arrecadação”, afirma.
Ela considera factível a possibilidade de uma nova âncora fiscal ou uma flexibilização do teto a partir do próximo ano, desde que seja feito de forma crível para manter a trajetória da dívida em queda.
“Tenho cenário base fiscalmente controlado no próximo ano, não vejo nenhum candidato quebrando essas forças.”
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