Bloomberg Línea — “Ser digital não é apenas ter um app, é uma cultura, uma forma de fazer as coisas que vem muito das startups e quem se beneficia é o consumidor final. É uma cultura que veio para ficar”, afirmou Luiza Trajano, fundadora e presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3).
A empresária brasileira destacou a importância da digitalização das empresas de forma a oferecer outra alternativa ao consumidor, a tal ponto que hoje mais de um terço das vendas do Magalu no canal online vem do marketplace, em declarações em evento em São Paulo na última semana, da TAG Investimentos. Esse canal teve crescimento médio de 84% em três anos.
Mesmo assim, Trajano, que se disse “apaixonada pelo atendimento”, avalia que o negócio digital é complementar ao modelo tradicional, que acaba oferecendo um atendimento “diferenciado” ao cliente. “Sempre acreditamos que a loja física não iria acabar”, disse. Além do marketplace, a empresa possui hoje cerca de 1.500 lojas físicas espalhadas pelo país.
Desse total, cerca de 500 lojas funcionam como agências Magalu, que são pontos de apoio que atendem quase 20 mil sellers (vendedores terceiros), de acordo com números do segundo trimestre.
A executiva destacou o cenário desafiador para o varejo na pandemia e a consequente crise econômica, marcada ainda pela alta dos preços e dos juros. “No Brasil, além da inflação, saímos de juros de um dígito para o patamar de 13% muito rapidamente. O mercado começa sofrendo no varejo, mas depois sofre na indústria e na cadeia como um todo”, afirmou.
Ela conta que a injeção de dinheiro por parte do governo, como o auxílio emergencial, ajudou, mas ponderou que o cenário segue desafiador com o desemprego ainda em patamares elevados.
Na pandemia, Trajano chamou a atenção para o aumento “surpreendente” de vendas de computadores, eletrodomésticos, celulares, além de panelas, sofás e móveis. Hoje, contudo, a varejista tem se beneficiado de uma linha não tão vendida durante a pandemia: a de confecções, como roupas e sapatos.
A executiva reforçou que nunca se filiou a partidos políticos, mas que sempre acreditou no seu papel social e no de sua empresa. “O Lula nunca me chamou para ser vice-presidente. Mas todo mundo me chamou: o Ciro chamou, o Kassab chamou, eles precisavam de uma mulher [na chapa]”, contou.
Entre os meses de abril e junho de 2022, o Magazine Luiza reportou prejuízo líquido de R$ 135 milhões, uma reversão do lucro líquido de R$ 95,5 milhões registrado no mesmo período do ano passado.
No resultado ajustado, que exclui efeitos não recorrentes, o resultado foi negativo em R$ 112 milhões, frente aos R$ 89 milhões positivos de um ano atrás.
No período, a companhia somou vendas de R$ 13,9 bilhões, um leve crescimento de 1,3% em relação ao segundo trimestre de 2021. A receita líquida, por sua vez, foi de R$ 8,6 bilhões, com queda de 5%.
No ano, as ações MGLU3 acumulam queda de 42,52% até o fechamento desta terça-feira (18). Desde as mínimas no ano, em 4 de julho, contudo, os papéis já sobem cerca de 95%.
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