Bloomberg — Local da última tentativa de invasão da Inglaterra, a cidade costeira de Felixstowe está prestes a absorver outro choque vindo do mar. Só que desta vez o problema será com navios estrangeiros que não conseguem desembarcar.
Cerca de 2.000 estivadores no porto de Felixstowe iniciaram uma greve de oito dias neste domingo (21), interrompendo o fluxo de mercadorias do maior terminal marítimo do Reino Unido para importações e exportações de contêineres.
Responsável por cerca de um terço do volume total de contêineres da Grã-Bretanha e uma parcela ainda maior do comércio direto com a Ásia, a região da costa leste do país é o equivalente econômico dos portos vizinhos de Los Angeles e Long Beach, ou o principal centro comercial da União Europeia em Roterdam.
As empresas de transporte planejam redirecionar a carga, adicionando tempo e custo às entregas. A.P. Moller-Maersk, a segunda maior empresa porta-contêineres do mundo, disse na semana passada que dois navios vão passar as paradas usuais e descarregarão remessas com destino a Felixstowe em portos continentais antes de enviá-los para lá quando a greve terminar. Outras mudarão para o London Gateway, o terceiro porto mais movimentado do Reino Unido.
A greve pode causar um impacto de mais de US$ 800 milhões no comércio global, de acordo com o Russell Group, uma empresa de dados e análises. Embora seja muito cedo para avaliar qualquer efeito mais amplo no crescimento, as empresas estão antecipando prazos de entrega mais longos e despesas mais altas que devem prejudicar a economia do país, devastada pela inflação.
“Provavelmente será uma despesa que acabaremos pagando da mesma forma que pagamos os custos indiretos do navio que ficou preso no Canal de Suez”, disse Gary Grant, fundador da The Entertainer, uma varejista de brinquedos com mercadorias atualmente com destino a Felixstowe. “É um risco apensar estar no negócio. É preciso seguir em frente e tentar vender mais brinquedos.”
Antecipando-se à interrupção, a Felixstowe, de propriedade da CK Hutchison, com sede em Hong Kong, começou a aliviar o congestionamento gerado à medida que a crise da covid agitou o comércio mundial, uma tendência refletida na redução do tempo de permanência dos contêineres, de acordo com a plataforma de visibilidade da cadeia de suprimentos FourKites.
Uma greve provavelmente reverterá esse progresso, disse, citando ações trabalhistas semelhantes em portos como Melbourne e Montreal, que aumentaram a duração dos embarques de 15% para 50%.
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