Bloomberg — Gigantes globais de consumo que vendem diversos tipos de produtos, desde joias a camisetas, viram as vendas na China despencarem no último trimestre, quando novos lockdowns para tentar conter o avanço da covid-19 afetaram a demanda do consumidor na segunda maior economia do mundo.
A rede de cafeterias Starbucks foi particularmente atingida, relatando uma queda de mais de 40% nas vendas no trimestre encerrado em 3 de julho. A empresa de Seattle começou o período com cerca de um quarto de suas lojas chinesas fechadas devido às políticas anti-covid, e seus 940 restaurantes em Xangai ficaram fechados por cerca de dois terços do tempo durante o trimestre financeiro.
O segmento de bens de luxo também sofreu o efeito das restrições em razão da covid. A Burberry Group, a Richemont e a Adidas relataram uma queda de pelo menos 35% em seus resultados trimestrais mais recentes. A Kering, dona da Gucci, teve uma queda de mais de 30%. A Yum China Holdings e a Uniqlo se saíram um pouco melhor, com quedas de cerca de 13% cada.
O efeito dos lockdowns
Para muitas marcas, o resultado do trimestre capturou o fechamento sem precedentes de Xangai, principal centro financeiro da China, por dois meses, o que mostra como as autoridades chinesas estavam dispostas a tomar medidas duras para combater o avanço do vírus.
A demanda tem aumentado desde que os lockdowns da cidade foram afrouxados, mas surtos em outras partes do país foram enfrentados com duras medidas de contenção, enfraquecendo o sentimento do consumidor e prejudicando as vendas no varejo.
Isso está alimentando preocupações sobre as perspectivas para a economia da China, que também enfrenta uma crise imobiliária, um desemprego recorde entre jovens e uma seca severa que levou a cortes de energia. A liderança chinesa do Partido Comunista reconheceu que a meta de crescimento anual do país de cerca de 5,5% não é alcançável.
A presidente do Starbucks para a China, Belinda Wong, descreveu o trimestre recente como “bastante difícil”, com restrições de mobilidade e bloqueios implementados mais rapidamente sob a política de covid-zero, e a empresa espera que sua recuperação seja não linear.
Ainda assim, os gigantes globais insistem que mantêm a confiança de longo prazo no maior mercado consumidor do mundo. Wong, do Starbucks, disse estar “super confiante” na China, onde o crescimento aceleraria assim que todas as restrições da covid fossem levantadas. O diretor financeiro da Adidas, Harm Ohlmeyer, disse que a empresa continuará investindo no mercado, pois “continua comprometida com a China e convencida de seu potencial para os próximos anos”.
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