Após demissões, MadeiraMadeira faz terceira aquisição e mira mercado infantil

Loja online de móveis e decoração comprou a Casatema, que desenha e vende produtos para crianças e adolescentes e também atua no mercado norte-americano

Foto: Guilherme Pupo/Divulgação
22 de Agosto, 2022 | 01:44 PM

Leia esta notícia em

Inglês ou emEspanhol

Bloomberg Línea — O unicórnio MadeiraMadeira, startup de vendas de móveis e decoração online, anunciou nesta segunda-feira (22) a compra da Casatema, varejista de móveis infantojuvenil.

É a terceira compra do marketplace, que no ano passado adquiriu a iTrack e neste ano comprou a IguanaFix, em abril. Segundo o CFO Carlos Eduardo Annibelli, em entrevista à Bloomberg Línea, a MadeiraMadeira procura M&As (fusões e aquisições) com negócios que sejam complementares ao do marketplace e que tenham ganho de escala, ou seja, que aumentem de alguma forma a vantagem competitiva da startup.

PUBLICIDADE

As conversas com a Casatema vinham desde o ano passado, segundo Annibelli. A empresa já era um dos maiores vendedores da categoria de móveis infantojuvenil da empresa.

O que a MadeiraMadeira viu na Casatema?

Fundada em 2011, a Casatema desenvolve seus produtos com design próprio. “É um know-how que a gente não tem, nunca focamos nessa categoria de móveis infantojuvenil e a ideia é justamente fortalecer esse pilar em uma categoria onde a gente não tem relevância”, disse Annibelli.

A CasaTema desenha produtos em seu centro tecnológico e faz contratos de produção com fornecedores. A empresa tem uma pequena operação nos Estados Unidos desde 2019. Segundo Annibelli, há potencial de crescimento no mercado americano tanto para a Casatema quanto para a MadeiraMadeira.

PUBLICIDADE

A MadeiraMadeira não divulga o valor da transação, mas diz que o dinheiro para a aquisição vem do caixa da empresa.

Nos últimos dias, o unicórnio curitibano cortou 3% de seu pessoal. “Ninguém fica feliz em fazer esse tipo de movimento, 3% é pequeno em escala, mas a gente sabe que para cada uma dessas pessoas impactadas é muito duro.”

Annibelli explica que os cortes foram por conta de um ambiente macroeconômico difícil, que fez com que a empresa precisasse focar em alguns projetos em detrimento de outros.

PUBLICIDADE

“Com a Casatema a gente começou a negociar já há um ano, é um negócio muito complementar”, justificou. “Estávamos atendendo os adultos, mas não os filhos dos nossos clientes.”

Cenário para o varejo

Mesmo com um cenário macro que Annibelli classificou como “desafiador, em especial para o varejo”, o CFO diz que a empresa está crescendo.

O modelo de negócio da empresa, diferentemente do varejo tradicional, não carrega estoque, operando por drop shipping (entrega diretamente da fábrica do fornecedor). Ainda que o MadeiraMadeira tenha investido em lojas físicas, os showrooms têm um mostruário menor e custo operacional menor.

PUBLICIDADE

Perguntado sobre a desaceleração no crescimento do e-commerce em relação ao que o Brasil viu na pandemia, o executivo disse que “obviamente fica sempre mais fácil quando você tem ventos a favor”, mas que o e-commerce brasileiro “mudou de patamar” depois da covid-19.

“Quando a gente fala de móveis, saímos de um nível pré-pandemia de abaixo de 10% de penetração online e hoje devemos estar entre 11, 12%. Por isso, nossa estratégia é ter lojas físicas, para acelerar a conversão dos clientes. Muitos dos clientes que vão às nossas lojas já conhecem a MadeiraMadeira, mas por alguma razão ainda não estavam confortáveis para fazer a compra online. As lojas físicas ainda são 80% do varejo de móveis”, diz o executivo.

Enquanto operacionalmente a Casatema é um negócio lucrativo, a MadeiraMadeira gera prejuízo atualmente, segundo o CFO, após quatro anos de resultado positivo, entre 2016 e 2020.

Um dos pontos em que a MadeiraMadeira vem investindo é no leque de produtos, entre eles materiais de construção como pisos, revestimentos, portas, janelas, para além do carro-chefe de móveis, decoração, cama, mesa e banho.

Segundo Annibelli, o investimento em venda de materiais de construção online faz sentido porque é um setor que tem uma penetração online muito menor. Enquanto a logística para vender cimento é muito mais complexa - o MadeiraMadeira ainda não vende essa categoria - a entrega de uma porta ou uma janela não é muito distinta de um guarda-roupa, segundo o CFO.

Leia também:

Madero: expansão de risco com dívida perto de R$ 1 bilhão e caixa de R$ 40 milhões

Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups