Bloomberg — Marko Kolanovic, um dos “touros” mais firmes de Wall Street, está defendendo suas recomendações de compra na baixa em 2022, ao mesmo tempo em que alerta que o Federal Reserve poderia perturbar os mercados financeiros ao se tornar muito agressivo logo antes das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos.
O estrategista do JPMorgan (JPM) acaba de divulgar outro relatório otimista aos clientes, dizendo que aqueles que esperam ir à caça de pechinchas quando o S&P 500 cair abaixo dos 3.500 pontos podem ficar aguardando. O patamar implicaria uma queda de cerca de 18% dos níveis atuais.
Depois de cair para 3.666 pontos, na mínima do ano, em meados de junho, o índice acionário subiu 17%, desafiando os investidores chamados de “ursos”, que buscam perdas mais profundas. No mercado financeiro, o “touro” é aquele que vê uma tendência de alta na bolsa (bullish), comprando a preços baixos para capturar uma valorização, enquanto o “urso” aponta para uma queda no mercado de ações, sendo mais pessimista (bearish).
Embora uma decisão mais dura do Fed em sua reunião de setembro possa perturbar o mercado, Kolanovic diz que as recompras corporativas e a demanda de traders podem oferecer um amortecedor para as ações. Sua equipe está mantendo uma projeção de 4.800 pontos para o S&P 500 no final do ano, um ganho de 12% em relação ao fechamento de quarta-feira (17).
“Dada a nossa visão central de que não haverá recessão global e que a inflação diminuirá, a variável que mais importa é estar posicionado. E o posicionamento ainda está muito baixo”, escreveu Kolanovic. “Embora a percepção seja de que a estratégia dos ‘ursos’ fizeram sentido este ano, deve-se ter em mente que as as projeções para os preços são para o final do ano.”
Kolanovic, eleito o estrategista número 1 em ações na pesquisa de investidores institucionais do ano passado, diz que sua matemática mostra que a estratégia de compra na baixa funcionou este ano durante o bear market. Um investidor que tivesse comprado o S&P 500 quando o índice caía 2% em relação à alta de uma semana, por exemplo, teria conseguido um retorno de 3%, ante uma perda de 10% no índice.
“Comprar na baixa até agora rendeu retornos positivos e funcionou melhor do que, por exemplo, recomendações para ficar de fora do mercado e começar a ‘mordiscar’ em 3.500 ou 3.300 pontos, níveis que não foram alcançados”, escreveu.
Durante grande parte de 2022, os estrategistas continuaram aconselhando os clientes a comprarem na baixa durante o forte sell-off dos mercados, uma decisão que parecia incerta até recentemente. Ele atribui a força recente dos ativos de risco ao otimismo de que o Fed desaceleraria ou pausaria seu ciclo agressivo de alta de taxas, um conceito também conhecido como “pivô do Fed”.
Em sua opinião, a forte inflação, impulsionada pelo superciclo das commodities e pela recuperação pós-covid, deve recuar naturalmente com o passar do tempo, e o Fed estaria exagerando sua postura monetária ao aumentar as taxas de juros em 75 pontos base.
“Embora essa seja uma visão fora do consenso, mantemos a ideia de que a inflação se resolverá por conta própria à medida que as distorções desaparecerem”, escreveu.
“Dado o atraso necessário para que os aumentos das taxas funcionem no sistema, e com apenas um mês antes de importantes eleições nos EUA, acreditamos que seria um erro para o Fed aumentar o risco de um erro de política hawkish e pôr em perigo a estabilidade do mercado.”
Veja mais em bloomberg.com
Leia também:
Gestora de US$ 1,8 tri, Pimco aposta em ativos descontados por medo de recessão
Por que esta gigante do petróleo é a preferida de Warren Buffett?
©2022 Bloomberg L.P.