Gestora de US$ 1,8 tri, Pimco aposta em ativos descontados por medo de recessão

A gestora americana tem buscado pechinchas e já gastou mais de US$ 2 bilhões nos últimos meses para investir nessa estratégia

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Bloomberg — Com os bolsos cheios, a Pacific Investment Management Co. (Pimco) tem buscado pechinchas entre ativos atingidos pela alta inflação e taxas de juros crescentes.

A gestora de fundos de Newport Beach, Califórnia, gastou mais de US$ 2 bilhões nos últimos meses para comprar dívida alavancada de empresas de consumo das quais bancos não conseguiam se livrar.

As compras fazem parte da estratégia geral da empresa de capitalizar ativos a preços baixos, segundo pessoas a par do assunto, que pediram para não serem identificadas.

Com US$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão, a Pimco está bem-posicionada para apostas ousadas, mas é uma abordagem repleta de riscos com a economia global à beira de uma possível recessão.

A empresa provavelmente terá que aguentar vários trimestres de desempenho fraco antes que os investimentos mostrem algum potencial de retorno – o que deixa a gestora vulnerável a saques, e que podem incorrer em grandes perdas se as apostas azedarem.

“Para que isso dê frutos no longo prazo, duas coisas precisam ser verdadeiras: primeiro, você precisa estar certo sobre a tese de investimento; e segundo, precisa ter um bom controle sobre a liquidez”, disse Mara Dobrescu, analista da Morningstar, em Paris. “Historicamente, a Pimco tem conseguido fazer as duas coisas com um grau razoável de sucesso.”

Um porta-voz da Pimco não quis comentar sobre a estratégia de crédito da empresa.

O CEO da Pimco, Manny Roman, espera por esse tipo de oportunidade desde 2018, quando disse, em entrevista à Bloomberg News, que a empresa estava se preparando para uma recessão nos próximos cinco anos. A gestora de ativos ficou conhecida por fazer apostas de peso – e, por fim, bem-sucedidas – em títulos lastreados em hipotecas durante a crise financeira global.

No fim de maio, a Pimco comprou 600 milhões de euros (US$ 608 milhões) em empréstimos e 545 milhões de euros em títulos que garantiam a fracassada venda da rede de supermercados britânica Wm Morrison Supermarkets.

O acordo foi subscrito por bancos em agosto do ano passado, quando as condições do mercado eram mais favoráveis, mas fracassou no início deste ano devido a preocupações de que a varejista teria dificuldades em meio à inflação crescente e à desaceleração econômica.

A Pimco comprou alguns dos títulos a 85% do valor de face, que agora são negociados em torno de 82 centavos, segundo dados da Bloomberg e pessoas a par do assunto.

No mês passado, a Pimco adquiriu 1 bilhão de euros em empréstimos que garantiam a aquisição da unidade de terminais de pagamento da Worldline pela Apollo Global Management, também com grande desconto.

A gestora comprou o empréstimo na faixa de 85 centavos de euro e o adicionou ao seu maior fundo, o Income Fund, com US$ 124 bilhões em ativos, segundo algumas pessoas.

Clientes sacaram 28,7 bilhões de euros de fundos da gigante de títulos nos três meses até junho – a maior saída trimestral desde o começo da pandemia, em 2020.

A onda de compras proporcionou uma espécie de tábua de salvação para bancos. Os acordos da Morrisons e Apollo foram subscritos antes do recente salto dos juros, e bancos como o Goldman Sachs corriam perigo de ficar com dívida arriscada nos balanços.

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