Bloomberg — A Stone (STNE), empresa de pagamentos brasileira que teve queda cerca de US$ 25 bilhões em valor de mercado desde o pico do ano passado, perdeu seu diretor financeiro enquanto a empresa luta para reduzir os impactos negativos nos lucros em meio a taxas de juros mais elevadas.
O lucro líquido ajustado para o período de três meses encerrado em junho foi de R$ 76,5 milhões (US$ 14,8 milhões), informou a empresa na quinta-feira (18) em um comunicado depois do fechamento do mercado, abaixo da estimativa média de R$ 82,2 milhões de sete analistas consultados pela Bloomberg News. A base de clientes ativos ficou em 2,07 milhões, quase 200 mil a mais que no primeiro trimestre.
Marcelo Baldin, que ocupou o cargo de CFO por cinco anos, está deixando a empresa, disse a Stone em comunicado, na mais recente de uma série de mudanças no conselho e na alta administração nos últimos meses. O conselheiro Silvio Morais deixará o cargo para assumir temporariamente as finanças da empresa.
Silvio foi da controladoria da Ambev de 1998 até 2019. Outra mudança nas cadeiras de C-level é a chegada de Tatiana Malamud, que assume como Chief Legal Officer e reportará diretamente ao CEO.
A saída de Baldin ocorre em um momento difícil para a empresa: depois que uma incursão na oferta de crédito a pequenas empresas gerou perdas de milhões e suas ações entraram em colapso, a Stone vem aumentando os preços que cobra das companhias para aceitar pagamentos.
As ações estão ainda cerca de 75% abaixo da marca de um ano atrás, negociadas a US$ 11,66 no fechamento desta quinta, ainda que estejam em fase de recuperação nos últimos três meses, com uma alta de 60%. Um ano atrás, estavam na casa de US$ 50.
“Estamos nadando contra a maré de custos de financiamento mais altos e nossas despesas financeiras aumentaram significativamente no segundo trimestre”, disse Rafael Martins, vice-presidente de finanças e relações com investidores da empresa, em entrevista.
A Selic subiu 11,75 pontos percentuais desde março de 2021 - de 2% para 13,75% ao ano -, enquanto os formuladores de política monetária do Banco Central lutavam para controlar a inflação.
Para a Stone, isso significou aumentar agressivamente os preços, já que busca mostrar aos investidores que pode manter a lucratividade mesmo depois que o aumento de empréstimos ruins a levou a interromper completamente a originação de crédito no ano passado.
“Os investidores ficaram céticos após os problemas enfrentados pelo nosso negócio de crédito no passado, enquanto o forte aumento nas taxas de juros globais reduziu os múltiplos das fintechs”, disse Martins. “Agora todo mundo está no modo de esperar para ver, esperando que as empresas entreguem antes de agir.”
Ele disse que os aumentos de preços continuarão no trimestre atual, em um ritmo mais rápido do que no período anterior, mas aquém do grande ajuste feito no início do ano.
O esforço para reconquistar a confiança envolveu mudanças na administração e no conselho. O cofundador Eduardo Pontes deixou o conselho neste ano e trocou suas ações com direito a voto por ações normais. Marcus Fontoura, ex-Microsoft, foi nomeado diretor de tecnologia para substituir Edson Brandi. E Thomas Gregor está vindo da unidade brasileira do Santander para se concentrar no negócio de crédito.
Martins disse que a Stone parou de ajustar os lucros para despesas vinculadas a um título emitido no ano passado, o que ajuda a explicar a perda de lucro. O total de receita foi de R$ 2,3 bilhões no segundo trimestre, ligeiramente acima das estimativas de R$ 2,2 bilhões.
A empresa reiterou um plano de testar seu produto de crédito renovado até o final do ano e em aumentá-lo em 2023, disse a diretora de estratégia Lia Matos em entrevista.
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