São Paulo — O aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo, será operado por 30 anos, a partir de 2023, pela espanhola Aena Desarrollo Internacional. A empresa arrematou o ativo, além de outros 10 terminais regionais em Minas Gerais, Mato Grosso e Pará, por R$ 2,450 bilhões - com um ágio de 231,02% - em leilão realizado na B3, em São Paulo, nesta quinta-feira (18). Para esse bloco, houve proposta única.
Os espanhóis se comprometeram com investimentos de R$ 5,8 bilhões nos aeroportos de Congonhas, Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Ponta Porã (MS), Santarém (PA), Marabá (PA), Carajás (PA), Altamira (PA), Uberlândia (MG), Uberaba (MG) e Montes Claros (MG). Serão realizados 73% dos investimentos na primeira fase de concessão, até 2028, segundo a Aena.
A assinatura do contrato de concessão está prevista para fevereiro de 2023. O período de concessão de 30 anos é prorrogável por mais cinco anos. “A concessão do grupo de 11 aeroportos é a maior operação de desenvolvimento internacional da Aena”, comentou a companhia, em nota.
A gestão dos 11 aeroportos vai gerar uma obrigação de pagamento de outorga variável, com prazo de carência de quatro anos, que consiste em um percentual sobre a receita bruta, aumentando progressivamente de 3,23% até 16,15% ao ano, informou a Aena.
Com 22,8 milhões de passageiros por ano, Congonhas é o segundo aeroporto mais movimentado do país. A companhia espanhola arrematou um ativo que exige uma expansão dessa capacidade. A companhia aérea Azul (AZUL4) é apontada hoje como uma das maiores interessadas em aumentar sua participação de mercado no local.
A Aena já é um player conhecido no mercado aeroportuário do Brasil. Desde o começo de 2020, a companhia administra a concessão de seis aeroportos da região Nordeste: Recife (PE), Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Aracaju (SE) e Maceió (AL). Em 2019, antes do início da pandemia, os seis aeroportos somaram 13,7 milhões de passageiros, segundo dados da Aena.
“Estamos convencidos de que a internacionalização da Aena é uma garantia de futuro. O potencial do Brasil é indiscutível. A movimentação de voos domésticos no país, por exemplo, está 100% recuperada”, disse o presidente da Aena, Maurici Lucena, em comunicado.
Segundo a companhia, ela é considerada pelo Conselho Internacional de Aeroportos como a maior operadora aeroportuária do mundo em número de passageiros, com mais de 275,2 milhões em 2019. Na Espanha, opera 46 aeroportos e 2 heliportos.
É também acionista controlador, com 51%, do aeroporto de Londres-Luton no Reino Unido, além de gerenciar aeroportos no México (12), Colômbia (2) e Jamaica (2). Além disso, presta serviços de consultoria para clientes estratégicos como a Companhia de Aeroportos de Cuba (ECASA).
Com as novas concessões no Brasil, a espanhola pretende capturar sinergias em diversas aéreas gerando eficiências na gestão e na operação.
“Agora, a Aena se transforma no administrador da maior rede aeroportuária concessionada do Brasil [...] No caso do Brasil, por exemplo, será possível otimizar a fase inicial das operações e, em tecnologia, poderão ser adaptados para toda a rede nossos sistemas de gestão aeroportuário”, disse a companhia.
Obras previstas
A expectativa é que sejam investidos R$ 3,3 bilhões dos R$ 5,8 bilhões do bloco somente no em Congonhas, informou o Ministério da Infraestrutura, em nota. Conforme o edital do processo de concessão, a Aena terá 60 meses para concluir a primeira fase de intervenções obrigatórias para elevar os padrões operacionais e de serviços de todo o lote de aerodromos.
Entre os desafios da Aena na gestão de Congonhas está a modernização do terminal, um dos mais movimentados do país devido aos voos da ponte-aérea Rio-São Paulo.
A rota de maior movimento do país, bastante utilizada por executivos, costuma provocar lotação nos horários e dias de pico. Desde o começo deste mês, os passageiros de voos domésticos que partem de Congonhas e Santos Dumont encontram a novidade do acesso biométrico do check-in no embarque.
Congonhas e Santos Dumont foram os primeiros aeroportos brasileiros a implantar de forma definitiva o embarque facial biométrico 100% digital para passageiros e tripulantes. Os viajantes de voos com embarques biométricos que optem pelo uso da tecnologia só precisam da imagem de seus rostos para fazer check-in e acessarem salas de embarque e aeronaves.
Disputa
Além de Congonhas e outros 10 aeroportos regionais, do Campo de Marte (SP) e de Jacarepaguá (RJ), a sétima rodada do leilão de concessões aeroportuárias, realizada na B3, ofertou o chamado Bloco Norte II, composto pelos aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP).
O vencedor foi o consórcio Novo Norte Aeroportos, formado pelas empresas Dix Empreendimentos e Grupo Socicam, que já operam em parceria nos terminais de Aracati e Jericoacoara, ambos no Ceará, e em 11 terminais do estado de São Paulo. Com o leilão do bloco Norte II, as empresas iniciarão a operação na região Norte.
O consórcio enfrentou a Vinci Airports em uma sucessão de lances, mas acabou arrematando os ativos por R$ 125 milhões, um ágio de 119,78%, assumindo um compromisso de investimentos (Capex) de R$ 875 milhões pela concessão de 30 anos.
A grande ausência do leilão realizado neste ano foi a CCR (CCRO3), principal grupo de investimentos em infraestrutura de mobilidade (rodovias, portos e aeroportos) do país.
Balanço
Os 15 aeroportos leiloados hoje pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) renderam um total de R$ 2,716 bilhões para o governo federal, informou o órgão regulador em comunicado.
Segundo a Anac, os três blocos de aeroportos processam, juntos, aproximadamente 15,8% do total do tráfego de passageiros do país, o equivalente a mais de 30 milhões de passageiros por ano (dados de 2019, período pré-pandemia).
Entre 2011 e 2021, o programa de concessão aeroportuária no Brasil concedeu o equivalente a 75,82% do tráfego nacional à iniciativa privada. Somado à Sétima Rodada, esse percentual atingirá 91,6% de passageiros atendidos em aeroportos concedidos, segundo a agência.
O Brasil chega agora à marca de 49 terminais aéreos concedidos e mais de R$ 17 bilhões em investimentos privados para o setor, segundo o Ministério da Infraestrutura.
- Atualizada às 19h com notas da Aena e do Ministério da Infraestrutura.
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