Bloomberg — Se a empresa para a qual você trabalha não está demitindo seus funcionários, talvez a empresa vizinha esteja.
A conclusão vem de uma pesquisa realizada pela consultoria PwC, que no mês passado consultou mais de 700 executivos e membros da diretoria de empresas de todos os setores dos Estados Unidos. Metade dos entrevistados afirmou que as empresas para as quais trabalham estão cortando pessoal ou planejam fazê-lo.
Além disso, 52% congelaram contratações e mais de 40% acabaram cancelando ofertas de emprego já feitas. Um número semelhante de empresas está reduzindo ou cortando os bônus de contratação que se tornaram comuns desde a pandemia.
Paralelamente, as empresas também estão aumentando os salários ou os benefícios relacionados à saúde mental. A medida mais comum é tornar o trabalho remoto permanente para mais funcionários.
Os resultados ilustram a contradição do mercado de trabalho atual nos Estados Unidos, no qual trabalhadores qualificados ainda conseguem benefícios em meio à escassez de talentos, mesmo quando as empresas contemplam demitir funcionários, principalmente em setores mais atingidos, como o de tecnologia e o de imóveis.
O aumento dos empregos nos EUA no mês passado superou as estimativas dos economistas. Dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta quinta-feira (18) mostraram uma queda nos pedidos de seguro-desemprego, sugerindo que a demanda por trabalhadores continua saudável.
Mas as demissões e as suspensões nas contratações também estão se tornando mais comuns, e não apenas em startups de tecnologia que cresceram muito rápido. A Oracle (ORCL), o Walmart (WMT) e a Apple (AAPL) estão entre as grandes empresas que anunciaram cortes nas últimas semanas.
“As empresas estão jogando na ofensiva e na defensiva com suas estratégias de talento”, disse Bhushan Sethi, líder mundial de conjunto de práticas organizacionais e pessoais na PwC, observando que os empregadores devem avaliar os danos à reputação e ao moral dos funcionários ao planejar demissões. “As pessoas não têm memória curta, e as redes sociais desempenham um papel muito maior agora”, disse.
Remoto ou presencial
A pesquisa também encontrou contradições nas políticas das empresas em relação ao trabalho remoto. Enquanto 70% dos entrevistados disseram que estão ampliando as opções de trabalho remoto permanente para cargos que permitam a modalidade, 61% disseram que exigem que os funcionários estejam no escritório mais frequentemente.
Sem dúvidas, algumas organizações poderiam estar fazendo as duas coisas ao mesmo tempo: cargos que não exijam muita colaboração presencial poderiam se tornar remotos permanentemente, e outros funcionários poderiam ter de voltar ao escritório várias vezes por semana. Setembro está se preparando para ser um mês crucial para os planos de retorno de muitas empresas, mesmo que os prazos anteriores para voltar ao trabalho presencial tenham vencido.
Um número menor de funcionários em escritórios muitas vezes significa que as empresas não precisam de tantos cargos remotos. Mais de um em cada cinco entrevistados disse que planejam reduzir seus investimentos em imóveis, tornando esta a área mais comum para cortes. Ainda assim, 31% disseram que estavam intensificando os investimentos imobiliários, mostrando novamente os caminhos divergentes que as empresas estão tomando em um ambiente de negócios cheio de incertezas.
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