Bloomberg — Os proprietários do Manchester United estudam abrir o icônico clube do futebol inglês para um novo investidor, o que atrai atenção de empresas de private equity e pessoas físicas de alto patrimônio.
A Bloomberg News reportou nesta quarta-feira (17) que a família Glazer pode vender uma participação minoritária na equipe da Premier League inglesa. É o primeiro sinal de que os americanos estão dispostos a ceder parte do controle do clube que possuem desde 2005.
A Apollo Global Management, comandada por Marc Rowan, já manifestou interesse, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, que pediu para não ser identificada discutindo informações confidenciais. A gigante global de investimentos tem mais de US$ 500 bilhões em ativos sob gestão.
O empresário do Reino Unido Jim Ratcliffe é outro nome inicial, enquanto o CEO da Tesla (TSLA), Elon Musk, também falou sobre a possibilidade de um acordo - e depois disse que estava brincando.
As empresas de esportes se mostraram resilientes em tempos econômicos desafiadores e os investidores veem o Manchester United como um ativo subvalorizado, disse Doug Harmer, sócio da boutique Oakwell Sports Advisory.
Um representante do Manchester United preferiu não comentar, enquanto um porta-voz do Apollo não pôde comentar imediatamente. O interesse do Apollo no Manchester United foi relatado pela primeira vez pelo Daily Mail.
Interesse de entrada
É improvável que haja uma escassez de interessados, com os investidores americanos em particular se mostrando ávidos por uma fatia do esporte favorito do mundo.
Quando um dos rivais do Manchester United, o Chelsea, foi colocado à venda pelo bilionário russo Roman Abramovich no início deste ano, em razão das sanções por causa da guerra contra a Ucrânia, houve 250 manifestações de interesse.
Entre os interessados no Chelsea estavam executivos e empresas de investimentos alternativos, incluindo o fundador da Citadel Ken Griffin, o co-chairman da Bain Capital Stephen Pagliuca, o cofundador do Apollo Josh Harris e a Oaktree Capital, de Howard Marks.
No fim, o Chelsea foi vendido para o bilionário americano Todd Boehly e a Clearlake Capital, com sede na Califórnia, por 4,25 bilhões de libras (US$ 5,1 bilhões). O Manchester United pode ser avaliado próximo de 5 bilhões de libras.
O capital privado tem cada vez mais tem se aventurado no futebol europeu, atraído pelo alto potencial de crescimento e valuations mais baixos em relação às franquias esportivas nos EUA.
Uma jóia da coroa são os direitos de transmissão, que na Inglaterra superam todas as outras grandes ligas de futebol da Europa. A receita da English Premier League deve ultrapassar 6 bilhões de libras pela primeira vez, de acordo com um relatório da Deloitte, impulsionado pelos direitos de mídia.
“Investidores de private equity estão analisando o diferencial em múltiplos negociados de franquias esportivas americanas e do Reino Unido”, disse Harmer. “Eles olham para a Premier League e como eles se saíram bem com seus direitos internacionais.”
Investidores de private equity já estão presentes no futebol inglês com o RedBird Capital Partners no Liverpool, atual vice-campeão da Champions League, o Silver Lake, com participação no Manchester City, atual campeão inglês, e a Peak6 Investments no Wolverhampton Wanderers.
O alcance comercial e o potencial do Manchester United são enormes entre as principais equipes inglesas. É um dos clubes com mais torcedores do mundo graças ao domínio do futebol inglês nas décadas de 1990 e 2000 sob o comando do lendário treinador Sir Alex Ferguson, que entregou um recorde de 13 títulos da liga.
Foi nesse momento, em 2005, que o falecido Malcolm Glazer comprou o Manchester United em uma operação alavancada que o sobrecarregou com dívidas enormes.
A família Glazer enfrentou a desconfiança dos torcedores mais fanáticos desde o início e, embora isso tenha sido mitigado nos primeiros anos de sua propriedade, pois o time continuou a ganhar troféus, o ressentimento cresceu após a aposentadoria de Ferguson em 2013. Desde então, o clube passou por diferentes gestões e gastou muito em estrelas com apenas um punhado de troféus para mostrar.
A mais recente contratação foi justamente a de Cristiano Ronaldo, em sua segunda passagem pelo clube.
A falta de investimento na infraestrutura do Manchester United, incluindo seu campo de treinamento e o famoso estádio Old Trafford, e a raiva pelo apoio dos Glazers a uma tentativa fracassada de criação de uma super liga de clubes na Europa no ano passado agravaram a má vontade.
Embora não esteja claro quanta influência um novo sócio teria no Manchester United, em que os Glazers possuem quase 97% das ações com direito a voto, uma empresa de private equity estaria interessada em garantir que o negócio fosse administrado de forma a maximizar os ganhos para seus próprios investidores. Mudanças no dia-a-dia do clube e reinvestimento em infraestruturas-chave podem estar no topo da agenda.
“Investidores minoritários podem pressionar por certos poderes, como a capacidade de aprovar grandes despesas e assentos na diretoria”, disse Adam Sommerfeld, da empresa de consultoria esportiva Certus Capital Partners. “O futebol é um jogo muito fluido, então esses investidores muitas vezes podem desenvolver fortes vozes discordantes quando o time não está indo muito bem em campo.”
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