BNDES: venda de ações de grandes grupos pode capitalizar pequenas empresas

Presidente do banco estatal, Gustavo Montezano diz que política de aportes em grandes companhias, de governos passados, ficou para trás

Para o presidente do BNDES, o banco abandonou a política de 'monopolista que distribui subsídio' para grandes empresas
18 de Agosto, 2022 | 02:51 PM

Bloomberg Línea — Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e Daniella Marques, presidente da Caixa Econômica Federal, falaram nesta manhã a uma plateia de banqueiros e investidores, em um evento promovido pelo banco BTG Pactual (BPAC11), o Macro Day.

Em painel que tratava sobre os papéis dos bancos públicos na sociedade, Montezano afirmou que o BNDES tem planos de usar uma parcela dos recursos levantados com a venda da participação em empresas como a Eletrobras (ELET6), Petrobras (PETR3, PETR4) Vale (VALE3) e JBS (JBSS3) para investir em micro e pequenas empresas pelo Brasil.

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Segundo o presidente do BNDES, o investimento não seria direto, e, sim, por meio de um aporte do banco público em fundos de investimento, incluindo fundos de capital de risco, ou venture capital. A ideia é capitalizar as empresas por meio da compra de participação societária e faz parte da política do banco de priorizar negócios de pequeno e médios portes na concessão de crédito.

“E se pegarmos 10% desses recursos, R$ 8 bilhões, que são cerca de 6% ou 7% do patrimônio do BNDES, e capitalizarmos 4 mil empresas brasileiras com equity, colocando R$ 2 milhões por empresa? Eu tenho esse sonho”, disse.

Montezano ressaltou que a estratégia de focar a atuação do banco em empresas menores rende “mais votos” à classe política.

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“A classe política entendeu que, em vez de dar R$ 10 bilhões para uma empresa grande ficar com o subsídio para ela, direcionar R$ 1 bilhão para mil empresas pequenas gera mais desenvolvimento social, mais desenvolvimento econômico e mais voto no final do dia.”

Mudança de estratégia

O presidente do BNDES disse que o banco saiu de uma política “monopolista que distribui subsídio” para grandes empresas para se tornar “um banco que opera a mercado”, o que ele chamou de uma “transformação brutal”. Ele afirmou também que o banco enfrentava problemas devido à “atuação como monopolista”, citando a aversão ao risco e uma ausência de incentivo à modernização.

“Banco monopolista que distribui subsídios atende a beneficiários, e não clientes. Um banco que não se aproxima dos clientes e não se aproxima dos negócios vive um problema”, disse.

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Marques, que assumiu a presidência da Caixa depois da saída de Pedro Guimarães diante de uma série de denúncias de casos de assédio, chamou a atenção para o que ela considera uma necessidade de “choque de governança”, aumentando o acesso a crédito para micro e pequenos empresários.

A executiva afirmou que o problema ganhou luz com a digitalização das operações, com a “bancarização” da população que passou a receber o Auxílio Emergencial durante a pandemia.

“Se a Caixa não faz orientação financeira na base, o capitalismo popular, para finalizar essa jornada, se não estiver orientando, não sei quem vai estar. Quero aprofundar essa vocação e integrar agendas.”

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Marques disse que, depois da etapa de “bancarização dos invisíveis”, o próximo passo agora é inserir essa população de fato no mercado. E adiantou que em breve o banco lançará um programa que será um convite à formalização - sem dar maiores detalhes.

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.