Bloomberg — A acusação dos Estados Unidos contra um ex-funcionário da Coinbase Global (COIN) pode não ser o único caso de insider trading na exchange de criptomoedas, de acordo com um novo estudo.
De acordo com três acadêmicos da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), na Austrália, alguns traders parecem ter comprado entre 10% e 25% dos tokens antes das listagens da Coinbase desde 2018.
No mês passado, promotores federais indiciaram um ex-funcionário da Coinbase por supostamente vazar informações privilegiadas para ajudar seu irmão e um amigo a comprarem tokens digitais pouco antes de serem listados na plataforma. A Coinbase não respondeu a um pedido de comentário.
O status da Coinbase como a maior exchange de criptomoedas listada em bolsa significa que uma listagem pode permitir o acesso de um token a muitos compradores. A grande demanda leva a um forte aumento de preço que torna lucrativo comprar os ativos antes do anúncio oficial da oferta.
Alguns estudos menos formais no passado também observaram o mesmo padrão em outras grandes plataformas, como a Binance.
Os pesquisadores da UTS também analisaram como tokens disponíveis em exchanges descentralizadas foram negociados durante as 300 horas antes de a Coinbase divulgar que seriam adicionadas à plataforma. Tal hipótese seria a de que o uso de informações privilegiadas seria mais provável de ocorrer em locais como o Uniswap, que normalmente não exigem verificações de identidade.
Usando análise estatística, os autores estimaram o número de casos em que a alta dos preços provavelmente estava ligada a um insider comprando os tokens com base no conhecimento das próximas listagens, em vez de simplesmente especulação otimista.
Em média, as moedas negociadas em exchanges descentralizadas tiveram ganhos de 40% em comparação com uma referência de mercado durante as 300 horas anteriores ao anúncio da Coinbase. Elas aumentaram outros 2% nas 100 horas subsequentes, segundo o estudo.
Não foi identificado um padrão para moedas fora do Uniswap. Os pesquisadores – Ester Félez-Viñas, Luke Johnson e Tālis J. Putniņš – escolheram a janela de 300 horas com base em observações de informações privilegiadas na blockchain, disse Putniņš.
Enquanto os acadêmicos chegaram à estimativa de 25% da análise estatística, o limite inferior de 10% vem de transações blockchain encontradas em quatro wallets (carteiras). Elas possivelmente estão ligadas aos três homens acusados pelos EUA, mas não há como ter certeza, disse Johnson.
Entre o anonimato e a percepção de falta de regulamentação, “este é um ambiente em que você provavelmente encontrará crimes financeiros e má conduta”, disse Putniņš, professor de finanças da universidade. “Aqui temos um conjunto de dados único – a blockchain – que não temos no mercado de ações e que nos permite obter evidências mais diretas.”
O ex-funcionário indiciado e seu irmão se declararam inocentes, argumentando que o que eles fizeram não foi insider trading, uma vez que não envolvia valores mobiliários ou commodities. O advogado do ex-gerente de produto também alegou que as informações não são confidenciais.
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