Mercados lutam por direção enquanto avaliam prós e contras do noticiário

Futuros de índices nos EUA recuam no começo da manhã, em rumo oposto ao das bolsas europeias

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Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada e ampliada da nota publicada originalmente às 6h00)

Os mercados conseguirão conformar a quinta semana consecutiva de alta? Forças contrárias no campo macroeconômico dão argumentos para ambos os lados, os compradores e os vendedores. O resultado é um mercado sem rumo definido: esta manhã, na Europa as bolsas subiam, enquanto entre os futuros de índices dos Estados Unidos o sinal era negativo.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: O mercado virou?

🌔 O lado A. O saldo positivo dos balanços empresariais e o último dado da inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que apontou para uma desaceleração nos preços e deu a entender que o pior já passou, dão confiança aos investidores dispostos a assumir mais riscos. Se ficar comprovado que a inflação já tocou o teto, o Federal Reserve (Fed) poderia moderar sua política de aperto monetário.

🌒 O lado B. Mas há indicadores que acendem o alerta e recolocam o medo de uma recessão sob o foco. Ontem, a China desapontou com os números de vendas no varejo e produção industrial em julho. Para reativar a demanda, o banco central chinês surpreendeu com uma redução do juro dos empréstimos de um ano em 10 pontos base, para 2,75%.

Além disso, a atividade manufatureira de Nova York caiu para o segundo pior resultado desde 2001. E o sentimento dos construtores de casas nos EUA baixou pelo oitavo mês, a mais longa sequência de quedas desde o colapso do mercado imobiliário em 2007.

🇬🇧 Perdendo o ritmo? O efeito da inflação mais alta em 40 anos já se faz sentir entre consumidores e empresas. As vagas de emprego no Reino Unido caíram pela primeira vez desde agosto de 2020 - os salários reais baixaram no ritmo mais acentuado jamais registrado. O número de empregos anunciados pelos empregadores recuou em 19.800, para 1,27 milhão no trimestre findo em julho, informou esta manhã o Escritório de Estatísticas Nacionais. Os pagamentos, descontados os bônus e ajustados pela inflação, minguaram 3% entre abril e junho, a maior queda desde o início do registro, em 2001.

Como outros homólogos ao redor do mundo, o Banco da Inglaterra tem aumentado suas taxas de juros para impedir que se instale uma espiral inflacionária e espera que uma recessão eleve o desemprego de 3,8% na mais recente medição para 6% durante os próximos três anos.

→ Assim se comportam os mercados esta manhã:

As preocupações com uma desaceleração econômica estavam ganhando a queda de braço no mercado futuro dos EUA. Em uma sessão volátil, os contratos sobre os índices S&P 500 e Nasdaq 100 inclinavam-se para o campo negativo. Os preços do petróleo caíam em meio a ventos econômicos adversos que turvam as perspectivas de demanda. O dólar subia depois de oscilar entre ganhos e perdas. As ações chinesas cotadas nos EUA eram negociadas com queda antes da abertura das bolsas.

Pistas sobre como o Fed se sensibilizará aos dados econômicos que vão chegando podem surgir na ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto, programada para amanhã. Vários funcionários, incluindo Esther George e Neel Kashkari, também estão agendados para falar. Entretanto, o grande evento que os investidores esperam é o simpósio anual de política monetária a ser realizado em Jackson Hole, Wyoming, de 25 a 27 de agosto. Os operadores se prepararam para um mercado mais volátil até até lá.

Os títulos do Tesouro norte-americano pediam prêmios mais altos hoje. O índice Stoxx 600 da Europa avançava pelo quinto dia, a maior série de alta desde março, com os produtores de commodities e serviços públicos registrando alguns dos maiores ganhos.

Os futuros da West Texas Intermediate caíam para abaixo de US$ 89 por barril, após recuarem cerca de 5% nas duas sessões anteriores. Além das preocupações econômicas, os investidores também enfrentam a perspectiva de aumento da oferta à medida que a demanda se modera. A Líbia está bombeando mais e o Irã está se aproximando de um acordo nuclear que provavelmente impulsionará os fluxos de petróleo bruto.

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+0,45%), S&P 500 (+0,40%), Nasdaq Composite (+0,62%), Stoxx 600 (+0,34%), Ibovespa (+0,24%)

Nos EUA, as ações subiram pelo segundo dia consecutivo, com megacaps ganhando espaço na carteira de investidores enquanto dados fracos sobre a manufatura de Nova York e sobre a economia chinesa eram digeridos. A atenção dos investidores se centra no saldo positivo dos resultados corporativos do segundo trimestre e na esperança de que a inflação mais baixa leve o Fed a moderar política monetária.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Licenças de Construção/Jul, Construção de Novas Casas/Jul, Índice Redbook, Utilização da Capacidade Instalada/Jul, Produção Industrial/Jul, Vendas da Indústria/Jul, Estoques de Petróleo Bruto - API

Europa: Zona Euro (Balança Comercial/Jun, Percepção Econômica ZEW/Ago); Reino Unido (Taxa de Desemprego/Jul; Produtividade de Mão de Obra)

Ásia: Japão (Índice de Atividade da Indústria Terciária, Balança Comercial/Jul, Núcleo de Encomendas de Maquinaria/Jun); China (Investimento Estrangeiro Direto)

América Latina: Colômbia (Balança Comercial/Jun; PIB/2T22, Atividade Econômica/Jun); Argentina (Turismo Internacional/Jun)

Balanços: Walmart, Home Depot

📌 Para a semana:

Balanços: Target, Tencent

Quarta-feira: Ata de Política Monetária da reunião de julho do Fed. Decisão sobre os juros da Nova Zelândia. Reino Unido (IPC), EUA (Vendas no Varejo)

Quinta-feira: EUA (Vendas de Casas Existentes, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego, Índice líder do Conference Board). Pronunciamentos de Esther George e Neel Kashkari, do Fed

(Com informações da Bloomberg News)