Mercados lutam por direção enquanto avaliam prós e contras do noticiário

Futuros de índices nos EUA recuam no começo da manhã, em rumo oposto ao das bolsas europeias

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
16 de Agosto, 2022 | 08:06 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada e ampliada da nota publicada originalmente às 6h00)

Os mercados conseguirão conformar a quinta semana consecutiva de alta? Forças contrárias no campo macroeconômico dão argumentos para ambos os lados, os compradores e os vendedores. O resultado é um mercado sem rumo definido: esta manhã, na Europa as bolsas subiam, enquanto entre os futuros de índices dos Estados Unidos o sinal era negativo.

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→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: O mercado virou?

🌔 O lado A. O saldo positivo dos balanços empresariais e o último dado da inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que apontou para uma desaceleração nos preços e deu a entender que o pior já passou, dão confiança aos investidores dispostos a assumir mais riscos. Se ficar comprovado que a inflação já tocou o teto, o Federal Reserve (Fed) poderia moderar sua política de aperto monetário.

🌒 O lado B. Mas há indicadores que acendem o alerta e recolocam o medo de uma recessão sob o foco. Ontem, a China desapontou com os números de vendas no varejo e produção industrial em julho. Para reativar a demanda, o banco central chinês surpreendeu com uma redução do juro dos empréstimos de um ano em 10 pontos base, para 2,75%.

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Além disso, a atividade manufatureira de Nova York caiu para o segundo pior resultado desde 2001. E o sentimento dos construtores de casas nos EUA baixou pelo oitavo mês, a mais longa sequência de quedas desde o colapso do mercado imobiliário em 2007.

🇬🇧 Perdendo o ritmo? O efeito da inflação mais alta em 40 anos já se faz sentir entre consumidores e empresas. As vagas de emprego no Reino Unido caíram pela primeira vez desde agosto de 2020 - os salários reais baixaram no ritmo mais acentuado jamais registrado. O número de empregos anunciados pelos empregadores recuou em 19.800, para 1,27 milhão no trimestre findo em julho, informou esta manhã o Escritório de Estatísticas Nacionais. Os pagamentos, descontados os bônus e ajustados pela inflação, minguaram 3% entre abril e junho, a maior queda desde o início do registro, em 2001.

Como outros homólogos ao redor do mundo, o Banco da Inglaterra tem aumentado suas taxas de juros para impedir que se instale uma espiral inflacionária e espera que uma recessão eleve o desemprego de 3,8% na mais recente medição para 6% durante os próximos três anos.

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→ Assim se comportam os mercados esta manhã:

As preocupações com uma desaceleração econômica estavam ganhando a queda de braço no mercado futuro dos EUA. Em uma sessão volátil, os contratos sobre os índices S&P 500 e Nasdaq 100 inclinavam-se para o campo negativo. Os preços do petróleo caíam em meio a ventos econômicos adversos que turvam as perspectivas de demanda. O dólar subia depois de oscilar entre ganhos e perdas. As ações chinesas cotadas nos EUA eram negociadas com queda antes da abertura das bolsas.

Pistas sobre como o Fed se sensibilizará aos dados econômicos que vão chegando podem surgir na ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto, programada para amanhã. Vários funcionários, incluindo Esther George e Neel Kashkari, também estão agendados para falar. Entretanto, o grande evento que os investidores esperam é o simpósio anual de política monetária a ser realizado em Jackson Hole, Wyoming, de 25 a 27 de agosto. Os operadores se prepararam para um mercado mais volátil até até lá.

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Os títulos do Tesouro norte-americano pediam prêmios mais altos hoje. O índice Stoxx 600 da Europa avançava pelo quinto dia, a maior série de alta desde março, com os produtores de commodities e serviços públicos registrando alguns dos maiores ganhos.

Os futuros da West Texas Intermediate caíam para abaixo de US$ 89 por barril, após recuarem cerca de 5% nas duas sessões anteriores. Além das preocupações econômicas, os investidores também enfrentam a perspectiva de aumento da oferta à medida que a demanda se modera. A Líbia está bombeando mais e o Irã está se aproximando de um acordo nuclear que provavelmente impulsionará os fluxos de petróleo bruto.

Os mercados esta manhã
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+0,45%), S&P 500 (+0,40%), Nasdaq Composite (+0,62%), Stoxx 600 (+0,34%), Ibovespa (+0,24%)

Nos EUA, as ações subiram pelo segundo dia consecutivo, com megacaps ganhando espaço na carteira de investidores enquanto dados fracos sobre a manufatura de Nova York e sobre a economia chinesa eram digeridos. A atenção dos investidores se centra no saldo positivo dos resultados corporativos do segundo trimestre e na esperança de que a inflação mais baixa leve o Fed a moderar política monetária.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Licenças de Construção/Jul, Construção de Novas Casas/Jul, Índice Redbook, Utilização da Capacidade Instalada/Jul, Produção Industrial/Jul, Vendas da Indústria/Jul, Estoques de Petróleo Bruto - API

Europa: Zona Euro (Balança Comercial/Jun, Percepção Econômica ZEW/Ago); Reino Unido (Taxa de Desemprego/Jul; Produtividade de Mão de Obra)

Ásia: Japão (Índice de Atividade da Indústria Terciária, Balança Comercial/Jul, Núcleo de Encomendas de Maquinaria/Jun); China (Investimento Estrangeiro Direto)

América Latina: Colômbia (Balança Comercial/Jun; PIB/2T22, Atividade Econômica/Jun); Argentina (Turismo Internacional/Jun)

Balanços: Walmart, Home Depot

📌 Para a semana:

Balanços: Target, Tencent

Quarta-feira: Ata de Política Monetária da reunião de julho do Fed. Decisão sobre os juros da Nova Zelândia. Reino Unido (IPC), EUA (Vendas no Varejo)

Quinta-feira: EUA (Vendas de Casas Existentes, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego, Índice líder do Conference Board). Pronunciamentos de Esther George e Neel Kashkari, do Fed

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.