Como BTG e XP planejam atrair o investidor de criptos das exchanges

Duas das maiores instituições do mercado de investimentos colocam em operação suas respectivas plataformas de negociação de criptomoedas

Moedas digitais como o bitcoin seguem ganhando volume na carteira de investidores no Brasil
16 de Agosto, 2022 | 04:01 PM

Bloomberg Línea — Se antes o investimento em criptomoedas era algo distante das grandes instituições financeiras, isso tem mudado rapidamente.

Bancos e grandes corretoras têm apostado cada vez mais nesse segmento, dada a alta demanda, contando que a credibilidade das marcas e a oferta de conteúdo educativo consiga atrair um número maior de investidores em relação a outras exchanges.

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Nesta semana, XP (XP) e BTG Pactual (BPAC11) iniciaram as operações de suas plataformas de criptomoedas, a Xtage e a Mynt, respectivamente. Ambos os projetos já haviam sido anunciados anteriormente, mas estavam operando em fase beta até o momento.

Enquanto a plataforma da XP será integrada ao app da corretora e terá como foco inicial os clientes atualmente com conta digital, que hoje somam cerca de 500 mil, na Mynt qualquer investidor poderá abrir uma conta, independente de seus laços com o BTG.

As duas plataformas vão começar disponibilizando a negociação das duas maiores criptomoedas em valor de mercado: bitcoin (BTC) e ethereum (ETH), mas a do BTG Pactual contará ainda com outras três: solana (SOL), polkadot (DOT) e cardano (ADA).

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O início das operações acontece em momento de retomada do apetite ao risco dos investidores nas últimas semanas, que levou a uma busca maior por criptomoedas - e à consequente valorização. Ainda assim, as cotações estão abaixo do patamar do fim de 2021 no caso do bitcoin.

Depois de ter caído para cerca de US$ 875 bilhões em valor de mercado em 19 de junho, o mercado de criptomoedas tem mostrado alguns sinais de retomada, com seu valor total somando agora cerca de US$ 1,2 trilhão, segundo dados da CoinGecko.

A plataforma Ethereum também tem ganhado força à medida que sua atualização “Merge” (“Fusão”, em português), esperada para setembro, se aproxima. A mudança consiste na troca de seu atual mecanismo de prova de trabalho (proof-of-work, ou PoW), que gasta muita energia, para um de prova de participação (proof-of-stake, ou PoS), em tese mais amigável ao meio ambiente.

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A XP e o BTG, contudo, não estão sozinhos. Em maio, o Nubank (NU) anunciou uma parceria com a startup de blockchain Paxos Trust para permitir que seus clientes comprem, vendam e mantenham criptomoedas. A Paxos também fornece serviços de cripto para o Mercado Livre (MELI) no Brasil.

O Nubank anunciou recentemente que, em menos de um mês de oferta de criptoativos para todos os clientes, atingiu a marca de 1 milhão de investidores ativos.

No universo da blockchain, o Itaú Unibanco (ITUB4) anunciou em julho a entrada no mundo da tokenização, embora o banco afirme que não tem no horizonte planos para ofertar criptomoedas.

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Confira, a seguir, as principais características e serviços oferecidos pelas plataformas cripto da XP e do BTG:

Xtage

Anunciada em maio em parceria com a Nasdaq, a Xtage disponibiliza a negociação de bitcoin (BTC) e ethereum (ETH) para os clientes que já têm conta digital na empresa. Até o fim do ano, a expectativa da XP é de ter mais de 1,5 milhão de clientes.

De acordo com Lucas Rabechini, diretor de produtos financeiros da XP Inc., novas funcionalidades devem ser agregadas à plataforma ao longo dos próximos meses, assim como a possibilidade de negociação de outras criptos. Ele prevê dez moedas digitais disponíveis para os investidores até o fim do ano.

Rabechini disse que o sistema contará, em breve, com integração com a MetaTrader 5, uma das maiores plataformas de negociação do mundo, permitindo que os clientes utilizem algoritmos próprios e robôs para comprar e vender bitcoin e ethereum via Xtage.

Além disso, também haverá uma parceria com a Nelogica para utilização do sistema Profit.

Apesar de não divulgar os valores, a Xtage afirmou que as taxas cobradas pelas operações estarão em linha com as cobradas por outras exchanges.

Mynt

Aberta para qualquer investidor, sem necessidade de ter conta no banco, a plataforma de criptomoedas Mynt, do BTG Pactual, oferece a opção de compra e venda de cinco moedas: bitcoin (BTC), ethereum (ETH), solana (SOL), polkadot (DOT) e cardano (ADA), com investimento mínimo de R$ 100.

“A entrada no universo cripto é mais um passo importante para atender uma demanda de nossos clientes e preencher uma lacuna de mercado”, disse André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual.

O plano é expandir a oferta de produtos e funcionalidades, como ordens programadas e opção de saque e depósito cripto - esta deverá ser disponibilizada nos próximos meses, segundo ele.

O projeto foi apresentado inicialmente em setembro do ano passado, mas demorou para ser lançado devido a “indecisões regulatórias e mudanças no modelo de negócios”. Apesar de ser uma plataforma separada do banco, ela será integrada ao app para quem for cliente.

Questionado sobre a concorrência, Portilho afirmou: “Se o cliente de uma exchange virá para cá, é o mercado que vai dizer. Ele vai comparar o melhor produto, experiência e escolher. Existem diferentes tipos de investidores em cripto, então vejo que há mercado para todo mundo”, disse.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.