Pânico na Ikea: clientes ficam presos em loja na China com lockdown repentino

Aviso do bloqueio instantâneo, que faz parte da estratégia de tolerância zero do governo, levou consumidores a tentar fugir antes do fechamento das portas

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Bloomberg — Cenas de caos se desenrolaram em uma loja da Ikea em Xangai, enquanto autoridades de saúde tentavam fechar a loja no sábado (13) e colocar em quarentena os que estavam por lá após saber que alguém que esteve em contato com um paciente infectado pela covid-19 havia visitado o local.

As notícias do lockdown instantâneo fizeram com que os consumidores fugissem e gritassem em um esforço para sair do prédio antes que as portas fossem trancadas, mostraram vídeos nas mídias sociais. Os 25 milhões de moradores de Xangai estão acostumados com bloqueios, depois de serem impedidos de deixar suas casas por dois meses nesta primavera no hemisfério Norte, em um esforço para erradicar o vírus.

Os bloqueios instantâneos implantados como parte da estratégia da política de covid Zero da China — onde as pessoas em um prédio ou distrito urbano são proibidas de sair sem avisar — levaram a várias situações de pânico em todo o país. Nos últimos meses, moradores do centro de tecnologia Shenzhen, capital da província de Sichuan, Chengdu, e da ilha de férias de Hainan escalaram cercas, correram pela praia e saíram de torres de escritórios após saberem que os bloqueios seriam impostos.

Foram registradas 2.312 novas infecções em todo o país nesta segunda-feira (15), a primeira vez em mais de três meses que os casos superaram 2.000 por três dias consecutivos na China. O surto crescente está mostrando que nenhum lugar é seguro, incluindo áreas de resort onde os moradores esperavam relaxar ou regiões cujos casos subiram recentemente dos piores surtos.

As autoridades de saúde do centro financeiro da China disseram que impuseram “medidas temporárias de controle” na loja depois de descobrirem que havia um contato próximo de um menino de seis anos com uma infecção assintomática por covid. Todas as pessoas na Ikea e em outras áreas afetadas precisarão ficar em quarentena por dois dias e depois fazer cinco dias de vigilância sanitária, disse Zhao Dandan, vice-diretor da Comissão de Saúde de Xangai, em um briefing no domingo (14).

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, pode-se ouvir um anúncio dentro da Ikea dizendo que as autoridades pediram que o shopping fosse fechado imediatamente e que as pessoas fossem impedidas de entrar ou sair. Quando seguranças e profissionais de saúde em equipamentos de proteção individual tentaram fechar uma porta para impedir a saída das pessoas, dezenas gritaram e empurraram contra ela até se libertarem, mostrou o vídeo.

Em resposta às diretrizes de prevenção de epidemias, a Ikea Shanghai Xuhui foi temporariamente fechada nos dias 14 e 15 de agosto e reabrirá na terça-feira (16), informou a empresa em comunicado.

Aqueles que não conseguiram sair ficaram trancados na loja das 20h até pouco depois da meia-noite, quando foram transferidos para hotéis de quarentena, segundo uma visitante que postou sobre sua experiência no Douyin, a versão chinesa do TikTok.

Os moradores de Xangai passaram por um bloqueio traumático em abril e maio, enquanto a cidade tentava acabar com o maior surto que a China viu desde o início da pandemia. Os moradores foram obrigados a ficar em casa e muitas pessoas passaram fome devido à falta de comida.

Apesar do custo social e econômico, o presidente chinês Xi Jinping continua comprometido com a abordagem de covid-zero, deixando o país cada vez mais isolado.

A cidade recentemente teve uma sequência de sete dias com nenhum caso local, mas isso terminou em 11 de agosto com um total de sete infecções.

(Atualizações com declaração da Ikea no sétimo parágrafo.)

— Com assistência de Daniela Wei e Kathy Chen.

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