Lembra do fundador da WeWork? Ele acaba de captar US$ 350 milhões

Nova startup de Adam Neumann, que foi ‘expulso’ da empresa de coworking, busca resolver a crise habitacional nos EUA e atraiu o bilionário investidor Marc Andreessen

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Bloomberg Línea — O fundador da WeWork, Adam Neumann, acaba de receber US$ 350 milhões, segundo a Bloomberg News. Mas para um novo empreendimento. E Marc Andreessen, o capitalista de risco bilionário da a16z, está embarcando em sua nova ideia.

“Há uma razão pela qual o governo começou a subsidiar hipotecas residenciais: alguém que comprou o lugar onde mora se preocupa mais com esse lugar. Sem isso, os apartamentos não geram nenhum vínculo entre pessoa e lugar e, sem comunidade, nenhum vínculo entre as pessoas”, escreveu Andreessen em um post no blog da a16z na segunda-feira (15), explicando por que está investindo na Flow.

O conceito de comunidade foi algo que Neumann decidiu trazer ao construir a WeWork. Antes disso, ele já era um defensor dos espaços compartilhados - ele nasceu em um kibutz israelense.

O investimento será o maior cheque emitido para uma única rodada de apoio na história do fundo a16z, segundo o New York Times.

Neumann acabou colocado para fora da WeWork, empresa que fundou, depois da revelação em 2019 de diferentes gastos milionários questionáveis e de um IPO que fracassou de maneira espetacular por fragilidades do modelo - a startup então avaliada em algo próximo a US$ 47 bilhões passou a US$ 7 bilhões em questão de semanas e teve que sofrer um resgate bilionário do SoftBank para não quebrar.

Não há muitos detalhes sobre o modelo de negócios da Flow, apenas que a empresa busca resolver a crise imobiliária nos EUA. De acordo com a Bloomberg News, Neumann comprou milhares de unidades residenciais em Atlanta, Fort Lauderdale, Miami e Nashville, onde planeja operar como proprietário.

A startup não tem relação com a Flowcarbon, outra startup que Neumann ajudou a iniciar especializada na venda de créditos de carbono blockchain, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

“Adam é um líder visionário que revolucionou a segunda maior classe de ativos do mundo – imóveis comerciais – trazendo comunidade e marca para um setor em que nenhum dos dois existia antes. Adam e a história da WeWork foram exaustivamente narrados, analisados e ficcionalizados – às vezes com precisão.”

“Apesar de toda a energia colocada na cobertura da história, muitas vezes é subestimado que apenas uma pessoa tenha redesenhado fundamentalmente a experiência do escritório e liderou uma empresa global de mudança de paradigma no processo: Adam Neumann”, escreveu Andreessen.

“Entendemos o quão difícil é construir algo assim e adoramos ver os fundadores aproveitarem os sucessos do passado, crescendo com as lições aprendidas. Para Adam, os sucessos e as lições são muitos e estamos animados para seguir nessa jornada com ele e seus colegas construindo o futuro da vida.”

Andreessen também diz que acha natural que, para seu primeiro empreendimento desde a WeWork, Neumann retorne ao tema de conectar pessoas por meio da transformação de seus espaços físicos e da construção de comunidades onde as pessoas passam mais tempo, suas casas. “O setor imobiliário residencial – a maior classe de ativos do mundo – está pronto para exatamente essa mudança.”

O papel da a16z na América Latina

Recentemente, a a16z investiu no unicórnio Jeeves do México e na Inventa, do Brasil. Em abril, Angela Strange, da a16z, disse à Bloomberg Línea que os investimentos da a16z partem do pressuposto de que “o software está comendo o mundo”, o que significa que todos os setores estarão em software.

“Vemos isso em todos os setores. Na América Latina, o software ‘comendo’ o mundo está literalmente apenas começando”, disse ela, citando o Nubank como exemplo de abertura de caminho para a população desbancarizada no Brasil.

Para ela, o software aliado a serviços bancários é uma “oportunidade muito grande que existe na América Latina”. Há três anos, a a16z investiu na fintech colombiana Addi, uma fintech que opera com o modelo Buy Now, Pay Later; e apoia empreendedores de fintech como Gaston Irigoyen, da fintech de infraestrutura da Argentina Pomelo.

“Estamos otimistas com a tecnologia que ajuda os consumidores da região, independentemente da política econômica. A questão é se o regulamento fornece um vento a favor ou contra. Depende muito do país”, disse ela, acrescentando que o Brasil tem uma regulamentação que considera inteligente com open banking, fomentando a concorrência.

Strange disse que pessoalmente gosta de investir em fintechs de infraestrutura em seus estágios iniciais. “Eu brinco que toda empresa será uma fintech, mas, na verdade, toda fintech vai se transformar em infraestrutura. Nos EUA, a infraestrutura é relativamente fácil, mas a distribuição é difícil. Na América Latina, é o oposto.”

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