Turistas no ‘Havaí da China‘ protestam contra lockdown

Governo chinês decretou quarentena a funcionários das redes Wyndham e Marriot, na ilha de Hina, prendendo hóspedes

Autoridades impuseram bloqueios na China por novos casos de covid-19
Por Linda Lew
14 de Agosto, 2022 | 10:55 AM

Bloomberg — Turistas na cidade beira-mar de Sanya, na China, na ilha de Hainan, estão protestando após ficarem presos por mais de uma semana devido aos bloqueios contra a covid-19.

A frustração entre os visitantes de dois resorts da região acontece devido à falta de informação da gerência do hotel e do governo sobre quando eles poderão sair. Os turistas do Wyndham Hotel e do Marriott Yalong Bay se reuniram para protestar contra o lockdown, disseram hóspedes à Bloomberg News.

Mais de cem pessoas foram vistas cantando do lado de fora do Wyndham, segundo um vídeo compartilhado por um hóspede. Um porta-voz da Wyndham para o hotel não respondeu a um pedido de comentário após ligações e um e-mail.

O surto de covid na província de Hainan se espalhou rapidamente desde 1º de agosto, deixando dezenas de milhares de turistas na ilha apelidada de Havaí da China. As autoridades impuseram bloqueios na maioria das cidades da província, suspendendo voos e fechando negócios.

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Embora os voos fretados tenham sido organizados para enviar alguns viajantes para casa, muitos ainda estão esperando. A província de Hainan registrou 1.340 casos no sábado, elevando o total de infecções na China para 2.467, o maior número desde maio.

Kary, uma expatriada que trabalha na província de Jiangsu, leste da China, viajou à Sanya com o namorado para comemorar seu aniversário de dois anos de namoro, mas acabou trancada em Wyndham um dia depois de chegarem. Eles estão lá há mais de uma semana e tiveram nove resultados negativos nos testes de PCR, disse ela à Bloomberg no sábado (13).

Kary — que não deu seu sobrenome por motivos de privacidade — disse que mais de 100 hóspedes se reuniram do lado de fora do hotel na sexta-feira (12) para exigir que a administração pare de cobrar por comida e acomodação em suas estadias, que não têm sem fim à vista. A província disse que os hotéis deveriam cobrar 50% da tarifa de mercado, mas muitos turistas acham inaceitável continuar pagando, disse ela.

Houve mais protestos no sábado, disse ela, acrescentando que espera que eles possam sair em breve.

“A longo prazo, o bloqueio está realmente afetando as pessoas”, disse Kary. “E também está afetando as empresas.”

A polícia foi enviada ao Marriott na cênica Baía de Yalong no sábado, depois que os hóspedes se reuniram na porta da frente para exigir transferências, de acordo com Araf, um cidadão britânico radicado na China que está hospedado no hotel.

Araf disse à Bloomberg News que as pessoas querem ir para outro hotel depois que alguns funcionários da Marriott testaram positivo para covid. Os casos significam que os hóspedes terão que ficar em quarentena mais dez dias e, se forem infectados, serão enviados para uma instalação de quarentena centralizada, disse ele. Um porta-voz da Marriott para o hotel não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

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“A situação aqui em Sanya agora é absolutamente louca, uma loucura absoluta”, disse Araf em um vídeo que gravou. “Tinha muita gente do governo lá, polícia, só guardando a entrada. E literalmente todo mundo do hotel estava lá embaixo, gritando, berrando, chorando, apenas frustrado.”

Um oficial da delegacia de polícia de Yalong Bay, quando contatado por telefone, disse que não tinha detalhes do incidente e não poderia ajudar em um pedido de comentário.

Uma funcionária da força-tarefa de controle de covid no distrito de Haitang em Sanya, que se recusou a dar seu nome, disse que os turistas precisam se inscrever para sair com documentos relevantes e resultados de testes. Depois que o governo da cidade aprovar a partida, os viajantes precisarão comprar suas próprias passagens e esperar pelo transporte organizado até o aeroporto, disse ela.

Os surtos de covid em algumas regiões turísticas populares da China, incluindo Hainan, Xinjiang e Tibete, interromperam as férias de milhares de viajantes. A política covid-Zero do país, que implanta bloqueios instantâneos e quarentena obrigatória para contatos próximos e isolamento de casos positivos, tornou uma aposta para os visitantes. Apesar do custo social e econômico, o presidente chinês Xi Jinping disse repetidamente que a tolerância zero continua sendo a abordagem correta para combater o vírus.

— Com a ajuda de Yujing Liu.

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