Agosto é mês-chave para mercado comprar Lula ou Bolsonaro, diz Volpon

Segundo estrategista-chefe da WHG, se aprovação do governo atual não refletir melhorias da economia, mercado pode apostar em vitória petista

A pesquisa mais recente de intenção de voto apontou uma melhora na aprovação do governo Bolsonaro nos últimos 15 dias
12 de Agosto, 2022 | 01:04 PM

Bloomberg Línea — As próximas pesquisas de intenções de voto das eleições, que sairão até o fim de agosto, serão fundamentais para que o mercado avalie se o presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguirá chegar ao segundo turno contra o ex-presidente e líder das intenções de voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa é a avaliação de Tony Volpon, estrategista-chefe da WHG (Wealth High Governance), em entrevista à Bloomberg Línea na última semana, em São Paulo.

Segundo ele, historicamente, uma melhora marginal da economia, com indicadores que apontam para o recuo do desemprego e da inflação, ajuda a aumentar a taxa de aprovação de um governo - uma medida fundamental para calibrar as intenções de voto dos brasileiros daqui a dois meses.

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“O que constatamos é que os índices de aprovação do governo Bolsonaro deram uma melhorada, segundo a média das pesquisas, mas muito menos do que deveriam dado o avanço do cenário econômico das últimas semanas”, disse o ex-diretor do Banco Central.

A pesquisa mais recente entre as que são seguidas pelo mercado, do BTG/FSB, divulgada na segunda-feira (8), apontou uma melhora na aprovação do governo Bolsonaro nos últimos 15 dias. O índice de pessoas que aprovam o governo subiu de 36% para 40%, enquanto o nível de desaprovação caiu de 58% para 54%.

Volpon aponta que os mercados locais já estão alocando prêmio de risco nos juros e no câmbio por temor com a questão fiscal, pois “acreditam que ela não vai ser bem endereçada por nenhum dos dois candidatos”.

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Novo horizonte à vista

Segundo ele, uma melhora sensível nos indicadores macroeconômicos pode se refletir nas intenções de voto, mas o que vai importar para a percepção do mercado é a magnitude disso.

Nesta semana, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, apresentou deflação de 0,68% em julho. Os dados foram divulgados na terça pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e refletiram a queda nos preços dos combustíveis e da energia elétrica.

As responsáveis pelo recuo foram as medidas defendidas por Bolsonaro e sua base aliada no Congresso para a redução do ICMS sobre os combustíveis em quase todo o país, após o estabelecimento de um teto de 18% para a alíquota. Também ajudou a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), das revisões tarifárias extraordinárias de dez distribuidoras.

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Já nesta sexta, o IBGE também divulgou que a taxa de desemprego no país referente ao segundo trimestre ficou em 9,3%, abaixo dos 11,1% dos três primeiros meses deste ano.

Para Volpon, essas notícias podem ainda não ter sido totalmente refletidas nas pesquisas de opinião mais recentes, já que os efeitos estão começando a aparecer agora.

“Este mês vai ser chave porque, se não houver uma melhora nas pesquisas, aí sugere que há alguma coisa sobre a candidatura do Bolsonaro que está impedindo que esses fatores o levem a melhorar. E sabemos que avaliação de governo é uma variável para o resultado de eleição.”

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Nas últimas pesquisas de intenção de votos de três dos institutos mais acompanhadas pelo mercado - Genial/Quaest, BTG/FSB e Datafolha, - o ex-presidente Lula aparece perdendo parte da vantagem que apresentava até então.

Na mais recente, do BTG/FSB, a diferença caiu sete pontos em duas semanas. Segundo a pesquisa, o petista, que estava com 44% das intenções em 25 de julho, agora tem 41%. Já Bolsonaro saiu de 31% para 34%.

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.