Americanos estão usando menos gasolina – e é melhor continuarem

Problema do aumento de preços de combustível nos EUA parece ter sido resolvido pela redução na demanda

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Bloomberg Opinion — Dirigir nos Estados Unidos está caro, mas isso não é necessariamente ruim.

Com menos de um mês até o feriado americano do Dia do Trabalho, comemorado em 5 de setembro e data que marca o fim da temporada de pico da demanda de gasolina, as entregas do combustível caíram abaixo do nível observado durante o verão de 2020, em plena pandemia.

Em uma média de quatro semanas, o que suaviza muito o ruído nos números semanais, as entregas de gasolina provenientes das instalações de armazenamento primário, número que a Administração de Informação de Energia afere como medida para a demanda, ficaram abaixo do observado no mesmo período dois anos atrás.

O gráfico acima mostra que isto não foi um resultado esquisito de dados de apenas uma semana. A demanda por gasolina tem ficado próxima dos níveis de 2020 desde o início de julho e só ficou acima de 9 milhões de barris por dia uma vez este ano.

Por que a queda significativa? O analista de petróleo veterano Paul Sankey, fundador da Sankey Research, afirma que veículos mais eficientes podem ter influência. Isso poderia ser parte da resposta, mas, como Sankey, eu não acredito que seja o único fator.

Até o início do verão no país, a demanda por gasolina estava próxima do nível do ano passado. Em 2021, as férias de verão começaram normalmente, aumentando o consumo em 500 mil barris por dia, ou 5%, em relação a junho. Este ano, o trajeto foi o contrário, sustentando a alta por um tempo antes de cair no início de julho.

A eficiência dos veículos provocará uma mudança relativamente lenta nos padrões de consumo, portanto é pouco provável que isso explique a repentina divergência na demanda no pico da temporada de alta no uso de gasolina entre este ano e o ano passado.

Será que as pessoas estão preferindo voar a dirigir? O número de pessoas que passam pelos postos de controle da Administração de Segurança dos Transportes está mais alto em comparação com o ano passado. Ainda assim está mais de 11% abaixo dos níveis pré-covid. Então essa também não é uma resposta convincente.

Os altos preços da gasolina são um gatilho bem óbvio para a redução do hábito de dirigir. Conforme observado por Sankey, uma grande proporção da demanda por gasolina nos EUA é discricionária e “a velocidade da mudança parece implicar que há uma mudança marginal de comportamento”.

E agora os preços estão caindo. A Casa Branca tem feito tudo o que pode com o recente recuo nos preços de combustíveis rodoviários. Falando à Bloomberg TV após o aumento insignificante das metas de produção da Opep+ para setembro, o conselheiro sênior de segurança energética do presidente Joe Biden, Amos Hochstein, apontou várias vezes que as pessoas em muitos estados estão pagando menos de US$ 4 o galão (aproximadamente 4 litros) para encher seus carros.

Os preços da gasolina na bomba caíram quase 20% em relação ao seu pico de meados de junho, mas antes de comemorar, é bom lembrar que ainda estão quase um dólar a mais por galão em comparação há um ano. Segundo a média nacional, ainda estão acima dos US$ 4 por galão – limite ultrapassado pela última vez em 2008.

Então o mercado está funcionando. Já se argumentou que os governos vêm seguindo as políticas erradas ao tentar baixar o preço dos combustíveis por meio da redução de impostos em uma época de escassez de abastecimento. Isso só estimula a demanda e prolonga o problema. O corte de 5 centavos por litro no imposto sobre combustíveis no Reino Unido em março teve um impacto de muito curto prazo nos preços das bombas antes que as pressões subjacentes do mercado gerassem uma nova alta.

Os dados sugerem que o aumento dos preços das bombas nos EUA se resolveu sozinho ao reduzir a demanda – exatamente como era necessário. Talvez os governos de outros países devam tomar nota. Essa é a destruição da demanda que temos que manter a fim de atender à oferta disponível nos próximos meses.

O grupo de produtores da Opep+ sinalizou muito claramente que tem poucos ou nenhum barril a oferecer e que não podemos continuar retirando o petróleo bruto da Reserva Estratégica de Petróleo para sempre. Se a demanda não continuar baixa, os preços vão voltar a subir.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Julian Lee é estrategista de petróleo da Bloomberg First Word. Foi analista sênior do Centro de Estudos Globais de Energia.

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