Mercado apaga aposta de alta de juros em setembro com recuo da inflação

Curva de juros precifica apenas cerca de cinco pontos-base de alta da Selic no próximo mês, uma maior chance de manutenção do juro nos atuais 13,75%

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Bloomberg — O mercado de juros futuros apagou a maior parte das apostas em uma alta adicional da Selic em setembro. O movimento ganhou impulso com a inflação mais amena nos Estados Unidos nesta quarta-feira (10), logo na sequência da deflação no Brasil e da sinalização da ata da reunião do Copom de que a Selic poderá ficar estável daqui para frente.

A curva de juros precifica agora apenas cerca de cinco pontos-base de alta da Selic no próximo mês, o que sugere uma maior chance de manutenção do juro nos atuais 13,75%, definidos pelo Copom da semana passada. Até a sexta-feira, o mercado ainda precificava uma alta residual de mais 0,25 ponto percentual no próximo mês. As opções negociadas na B3 fecharam ontem com probabilidade de 68% de a Selic não subir mais.

A inflação ficou estável em julho nos EUA, na comparação mensal, melhor do que a estimativa de alta de 0,2%. No Brasil, o IPCA mostrou deflação de 0,68% em julho, a maior da história. Ao divulgar a ata da reunião do Copom ontem, o Banco Central afirmou que avaliará se somente a perspectiva de manutenção dos juros “por um período suficientemente longo” assegurará a convergência da inflação para a meta. A frase foi interpretada como um sinal de que o ciclo de aperto monetário já terminou.

O dólar acumula queda de mais de 4% nos últimos cinco dias, o que pode significar mais alívio para a inflação. “Acredito que o rali do real tira pressão do Banco Central para subir o juro de novo. O incentivo para mais uma alta de 0,25pp em setembro pode não ser mais tão forte agora”, disse Brendan McKenna, estrategista do Wells Fargo.

Apesar da queda da inflação em julho, que reflete sobretudo o corte de impostos feito pelo governo, os analistas seguem cautelosos em relação às expectativas para a inflação em 2023. Em questionário enviado pelo Banco Central aos economistas antes do Copom e publicado depois da ata, 54% responderam que veem risco de alta para a inflação no próximo ano e 93% disseram que a perspectiva fiscal piorou.

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