Fim do bear market para tech: Nasdaq sobe 20% desde o fundo do poço. E agora?

Índice de tecnologia avança 2,9% nesta quarta em resposta de investidores a dados que apontaram uma inflação mais moderada nos EUA em julho; S&P 500 tem alta de 2,1%

Estátua que representa o bear market diante do bull market: ações de tecnologia rompem barreira simbólica de alta
10 de Agosto, 2022 | 06:19 PM

Bloomberg Línea — É o fim do bear market mais longo para ações de tecnologia nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008.

Pouco mais de cinco meses depois de entrar no mercado de baixa, no início de março, o Nasdaq Composite subiu 2,9% nesta quarta-feira (10), acumulando um ganho de 20,2% desde o fundo do poço no ano em 16 de junho. Por definição, entra-se no bull market, o mercado em fase de alta, quando há uma subida de 20% ou mais desde uma mínima recente.

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Investidores e traders americanos se voltaram com mais apetite para ativos de risco e impulsionaram a ascensão dos índices de ações nos Estados Unidos, e em particular os ativos de empresas de tecnologia, depois da notícia de uma inflação ao consumidor mais moderada em julho. A taxa anualizada do CPI ficou em 8,5%, abaixo das estimativas de Wall Street e dos 9,1% até o mês de junho.

E isso significa menos pressão sobre o Federal Reserve na condução da política monetária e, por tabela, na decisão sobre as taxas de juros, atualmente no intervalo entre 2,25% e 2,50%. E se o banco central americano tiver que ser menos agressivo, isso pode reduzir o risco de recessão.

A divulgação do CPI beneficiou o mercado de ações de forma geral: o S&P 500, índice mais abrangente das bolsas, subiu 2,1%. Mas ainda está distante de encerrar o bear market: a alta acumulada desde o momento mais baixo também em meados de junho é de 14,8%.

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“Esta é uma boa notícia para ativos de risco”, escreveu Florian Ielpo, chefe de macro da Lombard Odier Asset Management, acrescentando que “uma taxa de crescimento mais baixa dos preços não significa o fim da inflação e, naturalmente, o fim de um banco central agressivo [hawkish]. A inflação continua sendo uma situação que requer a atenção do Fed e, mais importante, as suas medidas.”

O ceticismo do especialista é compartilhado por estrategistas de bancos de investimento de Wall Street. É o caso de Michael Wilson, CIO (executivo-chefe de investimentos) do Morgan Stanley: “Nós achamos que é prematuro que tudo pareça resolvido simplesmente porque a inflação atingiu o pico”, disse em relatório a clientes no começo da semana (antes, portanto, do dado do CPI).

“Talvez a próxima onda de baixa tenha que esperar até setembro, quando a nossa tese de alavancagem operacional negativa esteja melhor refletida nas estimativas de lucros. No entanto, com os valuations esticados, nós achamos que a melhor parte do rali acabou”, completou.

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A crença de que o mercado pode ter deixado seus piores dias para trás de forma definitiva reaviva a onda dos stonks, meme que simboliza a tese de ideias que parecem geniais, mas se mostram desastrosas.

-- Com informações da Bloomberg News

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups