IPCA de julho tem deflação e menor taxa desde 1980 com queda dos combustíveis

No ano, a inflação acumula alta de 4,77% e, nos últimos 12 meses, de 10,07%; dados foram divulgados nesta terça (9) pelo IBGE

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Bloomberg Línea — Pressionado pela queda nos preços dos combustíveis, em especial da gasolina e do etanol, bem como da energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou deflação de 0,68% em julho. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado do último mês é o menor registrado desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em janeiro de 1980. Em 2022, a inflação acumula alta de 4,77% e, nos últimos 12 meses, de 10,07%.

Em julho, os preços da gasolina caíram 15,48%, enquanto os do etanol, 11,38%. Segundo o IBGE, a gasolina contribuiu com o impacto negativo mais intenso entre os 377 subitens que compõem o IPCA, com queda de 1,04 ponto percertual.

“A Petrobras no dia 20 de julho anunciou uma redução de R$ 0,20 no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras. Além disso, nós tivemos a Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho, que reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações. Essa redução afetou não só o grupo de transportes (-4,51%), mas também o de habitação (-1,05%), por conta da energia elétrica (-5,78%). Foram esses dois grupos, os únicos com variação negativa do índice, que puxaram o resultado para baixo”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, em nota.

Além da redução da alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica, outro fator que influenciou o recuo do grupo habitação foi a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das revisões tarifárias extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou redução nas tarifas a partir de 13 de julho, destaca o pesquisador.

Outro grupo que contribuiu para o resultado do IPCA de julho foi o de vestuário, com uma desaceleração de 1,67% para 0,58%, após apresentar a maior variação positiva entre os grupos pesquisados nos meses de maio e junho.

“Houve uma queda muito forte no preço do algodão, que é uma das principais matérias-primas da indústria têxtil, no final de junho”, destaca Kislanov, em nota. As roupas masculinas passaram de 2,19% em junho para 0,65% em julho, enquanto as roupas femininas foram de 2,00% para 0,41%. Os calçados e acessórios (1,05%), por sua vez, tiveram variação um pouco abaixo do mês anterior, quando registraram 1,21%.

Em contrapartida, o setor de alimentação e bebidas acelerou no mês de julho, com alta de 1,30% e impacto positivo de 0,28 ponto percentual no índice. Segundo Kislanov, o resultado foi puxado pelo leite longa vida que subiu mais de 25% e pelos derivados do leite como queijo (5,28%) e manteiga (5,75%), por exemplo.

O pesquisador explica que essa alta nos preços se deve, principalmente, a dois fatores: ao período de entressafra (de março a outubro), em que as pastagens estão mais secas e isso reduz a oferta de leite no mercado, bem como ao fato de os custos de produção estarem muito altos.

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