CEO do BB: mercado precisa remunerar exigências por boas práticas ambientais

Banco do Brasil também quer ganhar mais capilaridade com digitalização: ‘não queremos levar os clientes a uma agência’, diz Fausto Ribeiro

BB pretende apostar cada vez mais em soluções personalizadas para os clientes a partir do Open Finance, disse o CEO
09 de Agosto, 2022 | 04:04 PM

Bloomberg Línea — Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil (BBAS3), defende que o Brasil pode ter uma oportunidade diante de um rearranjo mundial para amortecer as consequências da guerra na Ucrânia. Mas, para o executivo, o mercado financeiro exige muito dos agricultores e de bancos sobre boas práticas ambientais, sem remunerar a mais por isso ou conceder financiamentos a juros mais baixos.

“Eu tenho uma carteira de R$ 100 bilhões para o programa de agricultura de baixo carbono. Por que não posso securitizar esse ativo e buscar investidores para financiar a agricultura brasileira com juros mais baixos?”, disse Ribeiro em evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) nesta terça-feira (9).

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Para ele, só há um jeito de aumentar a produtividade sem desmatar: usando a tecnologia para aumentar a produtividade na mesma área plantada.

O Banco do Brasil, em particular, seria um caso distinto entre os grandes bancos brasileiros porque, embora seja uma empresa com ações em bolsa, com obrigações de performance e distribuição dos dividendos, tem o Tesouro Nacional como acionista controlador. “Temos que equilibrar a função dando rentabilidade mas também promovendo o desenvolvimento econômico do país”, afirmou Ribeiro.

O CEO disse que faz parte do papel do banco desenvolver soluções para que agricultores brasileiros consigam preservar a área prevista como reserva legal.

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“Estima-se que se gasta ao ano R$ 15 bilhões para preservar essas áreas. Qual o papel do banco? Podemos ajudar fornecendo mecanismos para as áreas preservadas. Mercado de crédito de carbono, alternativas financeiras para que os agricultores possam ter outra fonte de receita e preservar aquela área.”

Próximos passos do BB

“Se existe alguma pandemia no mercado é uma pandemia de ataques cibernéticos. Os bancos precisam estar preparados e as empresas também. Nossos principais ativos são os dados dos nossos clientes”, completou Ribeiro.

Para ele, a grande ameaça para os bancos tradicionais é ficar parado e “perder o bonde”.

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“Nós viemos investindo bastante em Open Finance. A partir do momento em que o cliente compartilha dados, conseguimos soluções personalizadas e novos modelos de negócio. Os dados permitem customizar melhor o limite de crédito e nosso marketplace tem 27 redes varejistas para os quais direcionamos nossos clientes com ofertas personalizadas”, afirmou o presidente do Banco do Brasil.

O executivo disse ainda que a atual administração do banco pretende deixar como legado um banco digital, que se inicie e termine no mundo virtual. “Não queremos etapas que levem o cliente a uma agência. Queremos fazer o digital na prática”, disse Ribeiro.

Outro plano do Banco do Brasil é uma especialização da rede de atendimento para determinados perfis de clientes, desde grandes a pequenas e médias empresas.

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“Costumamos dizer que somos um banco digital com conveniência física e isso vai acontecer sempre. Em uma empresa tradicional como a nossa, temos clientes que são tradicionais, que querem ir a uma rede física, clientes que só usam terminais de autoatendimento para saque e os clientes digitais. Vamos ter um banco para cada cliente, cada vez mais especializado com conveniência física e digital”.

Segundo Ribeiro, a agência tem custos com vigilância armada, porta giratória, transporte de valores e instalação de cofres. Mas a ideia do Banco do Brasil é cada vez menos ter esses aparatos, o que vai permitir maior capilaridade em agências com menor estrutura.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups