Barcelona, Espanha — (Esta é a atualização da nota publicada originalmente às 6h45)
Os investidores em renda variável vão às compras antes que a profecia de aumentos mais fortes dos juros se materialize. Os sólidos dados sobre o emprego nos Estados Unidos, que superaram as expectativas mais otimistas e devolveram a taxa de desemprego a mínimos históricos (3,5%), reforçam os argumentos do Federal Reserve (Fed) a favor de um maior aperto monetário para controlar a inflação. A tensão entre China e EUA esfriou, mas está latente.
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📈 Efeito-aperto. A espera por maiores taxas de juros - nas duas últimas reuniões o aumento foi da ordem de 0,75 ponto percentual - , empurrou para o alto, na semana passada, os prêmios dos títulos do Tesouro e o dólar. Hoje, os bônus de 10 anos do Tesouro norte-americano se recuperavam. Mesmo assim, uma parte chave da curva dos bônus do Tesouro norte-americano está perto do nível mais invertido desde o ano 2000, o que sugere que os investidores estão prevendo uma recessão com a freada brusca do banco central.
🛣️ Inflação mostra o caminho. Os indicadores de preços ao consumidor e ao produtor dos EUA, previstos para quarta e quinta-feira, respectivamente, orientarão as negociações. Com base nestes dados, os operadores vão ajustar suas projeções sobre a magnitude de alta dos juros pelo Fed e suas carteiras de investimento, o que deve gerar volatilidade nos mercados. Ainda que as pressões sobre os preços pareçam estar chegando ao teto, não está claro que se permanecerão em níveis obstinadamente altos.
✍️ O que os economistas esperam. O IPC geral de julho poderia se moderar (os economistas consensuam para algo como +8,7%, contra os 9,1% da leitura anterior) depois da redução dos preços do petróleo (o barril tipo WTI caiu 7% no mês). Mas o núcleo da inflação pode subir para +6,1%, contra os +5,9% anteriores, em um contexto de mercado de trabalho tensionado e salários em alta (+5,2% em julho).
😏 Cabeça-feita. Os membros do Fed, no decorrer das últimas semanas, parecem ter ensaiado um discurso de que a luta contra a inflação é prioritária, custe o que custar. A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, disse que o Fed não está “nem perto” de terminar seus esforços para conter a espiral inflacionária. Loretta Mester, de Cleveland, disse que precisa ver “provas muito convincentes” de que os aumentos de preços mês a mês estão moderados.
💰 Mais para o mercado repercutir. Os EUA aprovaram ontem nova tributação para big techs, petrolíferas e carros elétricos. Trata-se de uma medida que terá impacto sobre os resultados financeiros de empresas que estão entre preferidas de investidores. A Casa dos Representantes, de maioria democrata inequívoca, precisará ainda aprovar o projeto nos próximos dias, mas não há dúvidas sobre esse próximo passo antes da promulgação.
→ Assim se comportam os mercados esta manhã:
Os futuros dos EUA e as ações europeias subiam à medida que os rendimentos dos bônus do Tesouro apagavam parte da sua valorização recente. O setor tecnológico liderava o avanço do índice europeu de referência Stoxx 600, enquanto os prêmios dos títulos do governo alemão e britânico caíam. Os preços do petróleo recuavam, enquanto a cotação do ouro subia. O bitcoin se posicionava acima dos US$ 24.000.
Uma temporada de ganhos do segundo trimestre melhor do que o esperado desencadeou um aumento dos índices de ações em julho, já que as margens de lucro se mostraram resistentes à pressão inflacionária.
Entretanto, os estrategistas da Morgan Stanley e da Goldman Sachs Group Inc. esperam que as margens de lucro corporativas se contraiam no próximo ano devido às implacáveis pressões de custos, uma perspectiva que contrasta com o clima dos mercados acionários. De acordo com Michael J. Wilson, da Morgan Stanley, um dos detratores mais vocais das ações dos EUA, “o melhor do rally acabou”.
A tensão entre os EUA e a China sobre Taiwan permanece no radar. Os militares chineses anunciaram um novo exercício perto da ilha, na sequência de uma visita da Presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi.

🟢 As bolsas na sexta: Dow Jones Industrials (+0,23%), S&P 500 (-0,16%), Nasdaq Composite (-0,50%), Stoxx 600 (-0,76%), Ibovespa (+0,55%)
As ações dos Estados Unidos tiveram pregão instável, com os operadores reagindo aos dados melhores que o esperado do emprego no mês de julho - uma amostra de força da economia, mas que pode levar o Fed a seguir com o plano de um aperto monetário mais vigoroso para conter a inflação.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Índice de Tendência de Emprego/Jul
• Europa: Zona do Euro (Confiança do Investidor Sentix/Ago; Reino Unido (Vendas no Varejo do BRC/Jul)
• América Latina: Brasil (Boletim Focus)
• Ásia: Japão (Índice Economy Watchers/Jul, Balança Comercial, Empréstimos Bancários)
• Outros: Negociações sobre o acordo nuclear no Irã
• Balanços do dia: SoftBank, Barrick Gold, Siemens Energy, Porsche, Palantir, BB Seguridade, Direcional, Itaú Unibanco, Neogrid e São Martinho
📌 Para amanhã:
• Terça-feira: EUA (Indicador NFIB de Otimismo das Pequenas Empresas, Índice Preliminar de Produtividade Não-Agrícola e Custo de Mão-de-obra/2T22)
• Quarta-feira: EUA (IPC); China (IPC e IPP); Pronunciamentos de Charles Evans (Fed de Chicago), Neel Kashkari (Fed de Minneapolis)
• Quinta-feira: EUA (IPP; Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego. Entrevista da presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, à Bloomberg Television
• Sexta-feira: Zona do Euro (Produção Industrial); EUA (Sentimento do Consumidor - Universidade de Michigan dos EUA)
(Com informações da Bloomberg News)