O novo investimento da família Safra para ultra-ricos em Nova York

Clube privado no estilo Soho House servirá como coworking com vista para o Central Park e o Plaza Hotel e terá parceria com o restaurateur Juan Santa Cruz

Ciudad de Nueva York
Por James Tarmy
07 de Agosto, 2022 | 08:59 AM

Bloomberg — Nova York está recebendo mais um clube privado, desta vez na forma de um espaço de coworking para os ultra-ricos.

Desenvolvido por Edmond M. Safra, da bilionária família Safra, e pelo restaurateur global Juan Santa Cruz, o clube deve ocupar todo o 37º andar do edifício GM de Nova York, com vista para o Central Park e o Plaza Hotel.

O clube, que se chama Colette, é voltado para os milionários globais que têm segunda residência em Nova York, ou talvez até morem na cidade, mas não precisam de um escritório em tempo integral.

Edmond M. Safra, de mesmo nome de um dos irmãos que ergueram o império da família no século passado e morreu em um incêndio em Mônaco em 1999, é um investidor atuante no mercado americano.

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Filho de Moise Safra, que morreu em 2014, ele é fundador e presidente da EMS Capital, com sede em Nova York, e ocupava o cargo de co-CEO da Replay Acquisition, segundo informações arquivadas na SEC, o equivalente da Comissão de Valores Mobiliários nos Estados Unidos. Também ocupa o cargo de vice-presidente e diretor da M. Safra & Co, o family office da família.

“Há tempos venho pensando nisso”, diz Santa Cruz, que já trabalhou em private equity. “O mundo está evoluindo há algum tempo e a pandemia tornou mais evidente que as pessoas não usam seus escritórios tanto quanto pensam ou gostariam de usar.”

Santa Cruz é conhecido pelo grupo que desenvolve e administra restaurantes voltados para clientes de alta renda em Nova York, Londres e Buenos Aires há quase 20 anos (contando a primeira unidade).

Club Colette, em Nova York, investimento de Edmond M. Safra e Juan Santa Cruz (Crédito: Colette/Reprodução)

O novo Colette lembra o conceito da Soho House, clube privado para ricos que nasceu em Londres nos anos 1990 e depois ganhou até uma versão Soho Works em Londres, Nova York e Los Angeles, popular entre brasileiros executivos e empreendedores (saiba mais abaixo).

Além disso, continua Santa Cruz, muitas pessoas se mudaram de Nova York ou viajaram para a cidade para fazer negócios; uma vez lá, eles se encontram fazendo reuniões confidenciais em restaurantes públicos e lobbies de hotéis, ou realizando videochamadas com uma cama de hotel como pano de fundo.

“Por que não desenvolvemos um clube de coworking, no mais alto nível, para pessoas que estão acostumadas a ter um escritório incrível?” diz Santa Cruz.

O WeWork dos ultra-ricos

O Colette está programado para abrir em março de 2023 e contará com 23 escritórios privativos com mesas de conferência, área de estar, conexão para videoconferência e controles individuais de temperatura e luz.

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Cada escritório terá aproximadamente 37 metros quadrados. Haverá também salas de conferências, um “sala de membros” e uma série de outras salas de reuniões.

Os hóspedes entrarão por uma entrada exclusiva no térreo na 59th Street e serão levados ao clube, onde uma equipe discreta estará à disposição para levar cafés e servir como uma equipe de apoio.

“Realizamos pesquisas de mercado não só para entender o cenário competitivo mas também para entender as necessidades das pessoas”, diz Santa Cruz. “O que percebemos é que as pessoas adoram o serviço.”

Considere um cenário, ele sugere, em que um hóspede do clube tem uma reunião importante com dois clientes: no Colette, um funcionário uniformizado estará à disposição para perguntar se os hóspedes querem um café ou um lanche “sem ter que interromper”, diz Santa Cruz . “Apenas com um gesto, você vai sinalizar: ‘Sim, eu adoraria um café’”, e a reunião pode continuar sem interrupção.

Da mesma forma, a equipe estará à disposição para fazer cópias, preparar apresentações impressas, chamar carros ou levar convidados para reuniões. “Esses detalhes nos diferenciam”, diz Santa Cruz.

US$ 125 mil só para entrar

O WeWork para ultra-ricos vai ter o seu preço. O Colette terá um limite inicial de 300 membros. As ações equivalente ao “título” do clube custarão US$ 125 mil (cerca de R$ 650 mil ao câmbio atual); além disso, as cotas anuais serão de mais US$ 36 mil (cerca de R$ 190 mil), embora os membros possam revender suas ações sempre que quiserem.

“Em cinco anos, se eu me mudasse para Singapura ou adquirisse meus próprios escritórios, poderia vendê-lo”, diz Santa Cruz sobre a participação do clube. “Não é um gasto, é um ativo.”

Os membros do clube também terão acesso ao centro de fitness e à lanchonete do edifício GM, juntamente com o restaurante do clube, Coco’s, que incluirá um bar, uma sala de jantar e uma mesa de chef que Santa Cruz anuncia como “conceito Omakase”, com convidados em torno de um chef em assentos de bar.

A Coco’s terá sua própria base de membros, em que o custo de adesão é muito menor, e o número de membros, muito maior, diz Santa Cruz, embora os números exatos ainda não tenham sido definidos (membros da Colette serão automaticamente membros da Coco’s.)

Esse amplo alcance para a sala de jantar, diz Santa Cruz, foi cuidadosamente planejado. “Estamos fazendo isso para adicionar vibração, com mais pessoas entrando e saindo”, diz ele. “Você faz isso para ter mais diversidade demográfica.”

Concorrência acirrada

O anúncio ocorre em um momento em que os clubes privados de Nova York estão se proliferando em todos os níveis. O Core Club, que também é voltado para uma clientela rica e internacional, deve abrir seu próprio espaço de quatro andares a poucos quarteirões ao sul do Colette, na Quinta Avenida.

O Core é significativamente mais barato que o Colette: o fee de iniciação varia de US$ 15.000 a US$ 100.000, e os fees anuais, de US$ 15.000 a US$ 18.000. Também contará com escritórios, academia e diferentes conceitos de restaurantes.

Aman está abrindo um clube, também na Quinta Avenida (entre o Colette e o Core), projetado para ser mais um clube de “estilo de vida” do que um espaço de trabalho.

Todos eles se juntarão a um conjunto de espaços privados existentes atualmente usados para reuniões de trabalho:

Ned’s Club, um clube exclusivo para membros no hotel Ned NoMAD; Casa Cipriani, no South Street Seaport; Soho House, no Meatpacking District; Ludlow House, no Lower East Side; e, claro, uma dúzia de clubes de membros existentes, fundados no modelo de clube masculino britânico do século XIX.

O Colette também terá que competir com espaços de coworking comuns, como WeWork e Industrious, que, embora certamente mais baratos, também oferecem salas de reuniões privadas e comodidades de alta tecnologia que podem atrair um funcionário de meio período em Nova York.

Confiança elevada

Santa Cruz diz que não se intimida com a competição.

Nenhum clube, diz ele, pode igualar o que planejou em termos de design e luxo. Ele selecionou do tecido Alcântara que cobrirá as paredes e das folhas de madeira de caimento até os uniformes para os funcionários, o design das mesas, a acústica do corredores e o tratamento acústico nas janelas de sacada dupla de cada escritório.

“Estamos nos diferenciando pelo nível de design, que, desde o início, é pensado para o negócio”, afirma. “E porque estamos começando agora, em 2022, estamos projetando atentos ao futuro, sobre como as pessoas estão trabalhando agora e como trabalharão em cinco anos. E isso foi bem diferente de como alguém teria projetado esse tipo de clube apenas quatro anos atrás “, antes de a pandemia começar.

Santa Cruz diz que ele e Safra, que não coincidentemente têm uma participação acionária no próprio prédio da GM, segundo o restaurateur, circularam informalmente materiais promocionais para o Colette nas últimas semanas. E foram recebidos com grande entusiasmo, afirma.

Eles preveem que todas as “vagas” de membros estarão vendidas no momento em que o clube abrir em março do ano que vem. “A resposta foi além do incrível”, diz Santa Cruz. “Quando você está fazendo algo novo, é bastante positivo ver uma reação tão boa com o local ainda em construção.”

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- Com a Bloomberg Línea

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