Bloomberg Línea — O presidente Vladimir Putin reforçou seu controle sobre dois setores-chave da economia da Rússia com um decreto que proíbe alguns bancos estrangeiros e algumas empresas de energia, incluindo a Exxon Mobil, de sair de seus negócios no país. O objetivo é “proteger os interesses nacionais”, de acordo com um decreto publicado.
Dezenas de empresas internacionais - de produtoras de energia a fabricantes de bens de consumo e eletrônicos - anunciaram que estão saindo da Rússia ou suspendendo suas operações desde o ataque à Ucrânia no fim de fevereiro. É uma lista que inclui gigantes como McDonald’s, Apple e Shell, entre outras.
A Exxon e outros acionistas estrangeiros no campo petrolífero Sakhalin-1 não poderão alienar suas participações até o final do ano como parte das medidas do decreto.
O decreto vem poucos dias depois que a Exxon disse que estava em negociações para transferir sua participação de 30% na Sakhalin-1 para uma empresa não identificada.
O decreto também ordena que o governo do país prepare uma lista de outras empresas de energia e bancos com acionistas estrangeiros que podem estar sujeitos às mesmas restrições.
Embora as sanções e as restrições financeiras impostas ao governo russo por outras nações estejam dificultando a realização de negócios, as empresas também estão preocupadas com uma possível reação de consumidores por serem vistas como apoiadores indiretos da economia russa durante a guerra.
Alguns bancos disseram que estão avaliando a opção de deixar o país por causa da invasão, incluindo gigantes de Wall Street. Autoridades russas ameaçaram bloquear tais medidas, dizendo que os bancos do país não são tratados de forma justa no exterior. Muitas unidades bancárias estrangeiras ainda permanecem na Rússia, incluindo UniCredit, Raiffeisen Bank International e Citigroup.
O Citigroup disse no mês passado que está considerando “uma gama completa de possibilidades” para deixar a Rússia. Raiffeisen disse que sair do país é uma de suas opções.
Maravilha da engenharia
A Exxon operou o campo Sakhalin-1, considerado na Rússia uma maravilha da engenharia quando começou a bombear em 2005. O projeto produziu cerca de 227.000 barris por dia no ano passado, usando dois quebra-gelos para manter as exportações mesmo quando o mar fica congelado no inverno.
A produção de petróleo está praticamente interrompida desde 15 de maio devido à decisão da Exxon de se retirar do projeto, disse a petrolífera russa Rosneft no início desta semana. Não houve exportações de petróleo do terminal De Kastri, que atende Sakhalin-1, desde o início de junho, de acordo com dados de rastreamento de navios monitorados pela Bloomberg News.
A Rosneft, que detém 20% do projeto, disse que não tinha informações sobre as negociações da Exxon para sair do Sakhalin-1, indicando que não fazia parte dessas negociações.
A Rússia e os projetos de outros acionistas estrangeiros estão tomando medidas para restaurar a produção, segundo a Rosneft. A japonesa SODECO detém outros 30% do projeto e a indiana ONGC Videsh possui os 20% restantes.
O decreto de Putin impõe as mesmas limitações ao projeto petrolífero menor de Kharyaga e a uma série de outros ativos russos de propriedade ou co-propriedade de empresas das chamadas “nações hostis”, que incluem Estados Unidos, Japão e a maioria dos países europeus.
Kharyaga, localizada na Sibéria Ocidental, é muito menor que a Sakhalin-1, bombeando cerca de 31.000 barris por dia no ano passado. A francesa TotalEnergies disse em julho que concordou em transferir sua participação de 20% no campo para a russa Zarubezhneft, que opera o projeto com participação de 40%. A Equinor, da Noruega, que tem 30%, disse no final de maio que sairia do campo.
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