São Paulo — A Petrobras (PETR3, PETR4) deu mais um passo em seu plano de desinvestimentos e concluiu a venda de suas participações em campos terrestres no Ceará para a 3R Petroleum (RRRP3), conforme comunicado divulgado na noite desta sexta-feira (5). A operação foi concluída com o pagamento à vista de US$ 4,6 milhões para a estatal de capital misto.
A venda de participações da Petrobras em campos terrestres e em alguns em alto-mar nos últimos anos atende a uma estratégia de concentrar investimentos no pré-sal, o que tem alimentado, por outro lado, o crescimento de negócios de empresas petrolíferas com atuação mais segmentado, caso da 3R e da PetroRecôncavo (RECV3), como mostrou reportagem da Bloomberg News.
“O valor recebido hoje se soma ao montante de US$ 8,8 milhões pagos à Petrobras na data da assinatura do contrato de compra e venda. Além desse montante, a companhia ainda receberá US$ 10 milhões, no prazo de um ano após o fechamento da operação, o qual será corrigido com base nas condições previstas no contrato de compra e venda”, informou a companhia.
O negócio envolve ativos localizados na Bacia Potiguar, no estado do Ceará, denominados Polo Fazenda Belém” (campos terrestres de Fazenda Belém e Icapuí). O comprador é a 3R Fazenda Belém S.A., anteriormente denominada SPE Fazenda Belém S.A., subsidiária integral da 3R Petroleum.
A Petrobras era detentora de 100% de participação dos campos terrestres de Fazenda Belém e Icapuí e diz que a produção média do Polo foi de aproximadamente 575 barris de óleo por dia (bpd), de janeiro a julho deste ano.
“Essa operação está alinhada à estratégia de gestão de portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, visando à maximização de valor e maior retorno à sociedade. A Petrobras segue concentrando os seus recursos em ativos em águas profundas e ultraprofundas, onde tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos”, comentou a estatal.
Refinaria Lubnor
A Petrobras tem vendido outros ativos no Ceará. No dia 25 de maio, assinou a venda da refinaria Lubnor (Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste) e seus ativos logísticos para o grupo Greca Asfaltos, dono de uma das maiores empresas especialistas em asfalto no Brasil atuando na produção e na comercialização de produtos destinados à pavimentação asfáltica. O grupo também atua nos mercados de logística, shopping center, concessão rodoviária, soluções financeiras, entre outros.
Segundo informou a estatal na época, o valor total da venda foi de US$ 34 milhões, sendo US$ 3,4 milhões pagos no dia 25 de maio; US$ 9,6 milhões a serem pagos no fechamento da transação e US$ 21 milhões em pagamentos diferidos. A operação ainda depende da aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A Lubnor foi o quarto ativo a ter o contrato de compra e venda assinado no âmbito do compromisso firmado pela Petrobras com o Cade em junho de 2019 para a abertura do mercado de refino no Brasil.
Clovis Fernando Greca, sócio administrador do consórcio comprador da Lubnor, comentou, na época, que o crescimento no número de empresas participantes do mercado de refino proporcionará o aumento na competitividade e diversidade de players.
A Lubnor, localizada em Fortaleza, capital do Ceará, possui capacidade de processamento autorizada de 10,4 mil barris/dia e é uma das líderes nacionais em produção de asfalto e a única unidade de refino no país a produzir lubrificantes naftênicos, segundo a Petrobras.
Justiça
O plano de desinvestimentos da Petrobras às vezes é alvo de contestações judiciais. A venda da Lubnor levou a FUP (Federação Única dos Petroleiros) a acionar a justiça contra o negócio, alegando que o valor da transações (US$ 34 milhões) estaria 55% abaixo da estimativa de valor de mercado.
A Prefeitura de Fortaleza também questionou o fato de que 30% da área do terreno onde se localiza a Lubnor pertence ao município, mas que não teria sido previamente informada da transação pela gestão da Petrobras.
Em outubro passado, a venda da refinaria de Manaus (AM) para o grupo ATEM também virou caso judicial, com sindicato argumentando que o valor (R$ 189,5 milhões) teria sido 70% abaixo do valor justo.
O comando da Petrobras espera fechar a venda de novos ativos nos próximos meses. No último dia 29 de julho, ao comentar o balanço trimestral em teleconferência, a administração da estatal indicou que há interessados no processo de venda de três de suas principais refinarias (Abreu e Lima, em Pernambuco, Repar, no Paraná, e Repar, no Rio Grande do Sul).
O grupo Ultra já teria demonstrado interesse pela compra da refinaria gaúcha, mas a companhia não comenta o assunto publicamente.
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