Bloomberg — Temperaturas escaldantes encolheram as safras de milho por toda a Europa, o mais recente sinal de uma crise climática cada vez mais profunda que atinge desde o transporte fluvial no Reno, um dos maiores rios da região, até os olivicultores da Espanha.
O milho está sob pressão devido à falta de chuva e às ondas de calor. Três quartos da Romênia, maior produtora da Europa, estão sendo afetados por secas, enquanto a França, outra grande produtora, teve o mês de julho mais seco já registrado na história. Enquanto isso, agricultores em partes do leste da Alemanha podem perder toda a sua colheita.
“No fim de semana passado, vi campos em que o milho estava na altura dos meus joelhos”, disse Helmut Messner, do comitê alemão de produtores de milho. “A cor dele já está parcialmente marrom, então não há fotossíntese, porque as folhas já estão mortas. Normalmente nesta época do ano as plantas tem 2,5 a 3 metros de altura.”
Os campos de milho da Europa são as mais recentes vítimas de semanas de clima seco e quente que também reduziu drasticamente os fluxos de água em rios importantes, como o Reno, Ródano, Danúbio e Pó, na Itália. A seca prejudica a irrigação e a navegação, restringindo o transporte de carvão e o resfriamento de usinas nucleares francesas, justo no momento em que a Europa tenta reduzir sua dependência do gás russo.
A invasão russa também colocou pressão sobre os embarques de milho da Ucrânia. Embora a primeira carga de grãos do porto de Odesa - sob um acordo intermediado pelas Nações Unidas e a Turquia - tenha reduzido a alta de quase 10% nos preços do milho na semana passada, eles permanecem muito mais altos do que o normal para esta época do ano.
“Nesta temporada, o milho europeu certamente seria de maior importância para preencher a lacuna de oferta deixada pela Ucrânia”, disse Peter Collier, consultor sênior de mercado da CRM AgriCommodities, no Reino Unido. “Mas com os problemas do milho na UE e as estimativas de produção sendo cortadas, a oferta de grãos está sendo ainda mais prejudicada.”
A União Europeia cortou sua previsão para a atual safra de milho para 65,8 milhões de toneladas, a menor desde a safra de 2018-19. Mas esse número pode ser revisado para baixo ainda mais à medida que as condições se deterioram na França e em outros países.
A seca também afeta a Ucrânia, com as regiões de Odesa e Vynnytsia colhendo menos do que o esperado, de acordo com relatório mais recente do conselho agrário do país.
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