Queda das moedas latino-americanas levou ao boom dos salários em cripto

Trabalhadores remotos na América Latina parecem confiar mais em criptomoedas que nas moedas de seus próprios países para preservar capital

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A forte depreciação de várias das moedas da América Latina levou os trabalhadores remotos da região a receberem mais pagamentos em criptomoedas, embora este mercado também esteja passando por um cenário de baixa apelidado de “inverno cripto”.

Um novo relatório da Deel, plataforma de recrutamento e pagamento para funcionários remotos, indica que as criptomoedas ainda são procuradas principalmente por trabalhadores remotos.

Globalmente, de acordo com os números da plataforma, “os saques de criptomoedas permaneceram estáveis nos últimos seis meses” e “estão se tornando populares em lugares com volatilidade monetária”, expôs o Relatório Global sobre Recrutamento Internacional de Talentos.

De fato, cerca de 5% de todos os pagamentos sacados mensalmente na plataforma foram realizados em criptomoedas desde janeiro deste ano.

Para fins de comparação, no ano passado apenas 2% de todos os pagamentos foram feitos em criptomoedas de julho a dezembro, prova de que o inverno cripto não desmotivou os trabalhadores remotos tanto quanto a desvalorização das moedas.

Com base nos dados de sua plataforma, a Deel indica que a América Latina é de longe a região na qual a maioria dos saques são feitos em criptomoedas, com 67%.

Em seguida está Europa, Oriente Médio e África com 24%, América do Norte com 7% e Ásia-Pacífico com apenas 2%.

A desvalorização das moedas locais em relação ao dólar continua sendo uma das principais dores de cabeça para os latino-americanos. Em meio a esta situação, eles buscam alternativas para preservar seu capital, seja adquirindo dólares, stablecoins e outras criptomoedas.

A Deel explica que o bitcoin (BTC) é atualmente a opção mais popular para pagamentos com este método e participa com 47% no percentual global de saques em criptomoedas no mundo nos últimos seis meses.

A stablecoin USDC está em segundo lugar, com 29%, seguida do ethereum (ETH), com 14%, do solana, com 8% e do dash, com 2%.

No geral, o relatório afirma que as taxas de contratação internacional aumentaram 145% ou mais em todas as regiões no primeiro semestre do ano, com uma contribuição substancial da América Latina e da Ásia-Pacífico.

A América Latina é a região em que as empresas mais contratam internacionalmente. Nos primeiros seis meses do ano, a atividade aumentou em 161%, ao passo que a Ásia-Pacífico apresentou aumento de 159%.

“Considerando a alta demanda por talentos e a escassez de candidatos disponíveis, as empresas estão à procura de talentos de qualidade fora dos países de alto custo. Assim, os salários estão aumentando em todo o mundo, principalmente na Itália, no Brasil e na Índia”, explica.

Analisando as áreas, aquelas com maior demanda estão atualmente concentradas nos campos de tecnologia – engenheiros e desenvolvedores de software, designers e gerentes de produtos, designers gráficos e de UI/UX são os mais visados.

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