São Paulo — O Bradesco (BBDC4) registrou lucro líquido de R$ 7,041 bilhões no segundo trimestre, um crescimento de 3,2% em três meses e de 11,4% na base anual. O CEO do segundo maior banco privado do país, Octavio de Lazari Junior, citou a piora nas linhas de crédito ao varejo como um dos fatores para o aumento da inadimplência, que cresceu 0,30 ponto percentual no período. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (4) depois do fechamento do mercado.
“Realizamos ajustes em nossos modelos ao longo dos últimos trimestres e assim devemos crescer em ritmo mais moderado, mas mantendo a rentabilidade de nosso portfólio”, disse o executivo em comunicado nesta quinta-feira (4).
A instituição financeira destacou ainda que a linha de financiamento ao consumo continua com o que foi classificado como bom crescimento, com destaque para as carteiras de cartão de crédito e crédito pessoal.
“Estamos com o balanço bem provisionado para o momento atual do ciclo de crédito, o que deve permitir a manutenção de um nível de retorno consistente”, disse.
As receitas sobre prestação de serviços aumentaram 6,7% em relação ao segundo trimestre de 2021, e o crescimento do crédito teve alta de 17,7% na mesma comparação, informou o banco.
“A diversificação de nossas fontes de resultados e capacidade de administrar riscos nos permitiu operar com segurança, com foco em nossa estratégia e mantendo nossa capacidade de entregar bons resultados”, disse o CEO.
O Bradesco mencionou que a gestão da operação com eficiência é prioridade para os próximos trimestres. “Neste trimestre mantivemos controle das despesas, mesmo com os investimentos que temos realizado. O crescimento de gastos no semestre ficou abaixo da inflação”, afirmou o executivo.
Ontem (3), o Banco Central elevou a taxa de juros para 13,75% ao ano, um aumento de 0,50 ponto percentual, sinalizando a possibilidade de uma última alta de menor magnitude (0,25 ponto, segundo analistas) na próxima reunião do Copom em setembro, o que finalmente encerraria o ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2021.
“No crédito para empresas, tem havido maior procura por operações de curto prazo, como capital de giro, além de crescimento dos empréstimos para pequenas e médias empresas. Na pessoa física, a originação no crédito imobiliário foi menor, devido ao novo patamar de Selic, mas ainda crescemos 17,2% nos últimos 12 meses”, revelou Lazari.
O CEO do Bradesco classificou como “ainda provavelmente difícil” o cenário econômico até o fim do ano. “Manteremos disciplina na gestão de custos e continuaremos a investir em nossa evolução digital e no desenvolvimento e na ampliação de equipes, como as de especialistas de investimentos e analytics, por exemplo”, afirmou.
Bancos monitoram inadimplência
O Bradesco é o segundo grande banco com atuação no Brasil a divulgar resultado do segundo trimestre. O primeiro foi o Santander (SANB11), cujo aumento de provisões foi citado por alguns analistas como um aspecto negativo de seu balanço, embora o comando do banco tenha afirmado que a inadimplência está sob controle.
O Itaú Unibanco (ITUB4) anuncia seu balanço no próximo dia 8 de agosto, enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) divulga seus números no dia 10.
Antes do início da safra de balanços, analistas ouvidos pela Bloomberg Línea já alertavam para a continuidade do aumento dos indicadores de inadimplência devido à política monetária mais restritiva e ao aumento do custo de vida com combustíveis e alimentos mais caros. Eles destacaram, no entanto, que bancos tradicionais, como Itaú e Bradesco, apresentam resiliência maior do que os bancos digitais, pois captam recursos a um custo menor e não são tão dependentes de uma vertical de negócios.
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