Banco da Inglaterra faz maior alta de juros desde 1995 e prevê longa recessão

A alta sem precedentes é um sinal do fim da era do dinheiro barato, e dos esforços do BOE para acompanhar a onda de aperto monetário global

As autoridades do BOE previram que uma recessão no Reino Unido começará no quarto trimestre deste ano e perdurará por todo o próximo ano - o que seria a contração mais longa desde a crise financeira
Por David Goodman (London) e Libby Cherry
04 de Agosto, 2022 | 09:56 AM

Bloomberg — O Banco da Inglaterra implementou sua maior alta de juros em 27 anos e alertou que o Reino Unido caminha para mais de um ano de recessão sob o peso de uma inflação crescente.

O aumento de meio ponto percentual para 1,75% foi apoiado por oito dos nove formuladores de política monetária do banco, que também mantiveram a promessa de agir com força novamente no futuro, caso necessário, o que coloca aumentos semelhantes na mesa para as próximas reuniões.

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As autoridades previram que uma recessão no Reino Unido começará no quarto trimestre e perdurará por todo o próximo ano, o que seria a contração mais longa desde a crise financeira. A previsão é que a economia encolha cerca de 2,1% ao todo.

O BOE também elevou sua previsão para o pico da inflação para 13,3% em outubro em meio a um aumento nos preços do gás, e alertou que as altas de preços permanecerão elevadas ao longo de 2023. Isso agravará uma crise de custo de vida que fará com que a renda real caia mais do que em qualquer outro momento em cerca de 60 anos.

Mesmo depois de bilhões de libras de apoio do governo para famílias em dificuldades, a renda real dessas famílias deve ficar cerca de 5% até o final de 2023, com queda tanto neste ano quanto no próximo.

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A alta de meio ponto, sem precedentes desde que o BOE conquistou independência em 1997, é um sinal de que a autoridade monetária põe um fim à era do dinheiro barato e se esforça para acompanhar uma onda de aperto monetário global.

As previsões do BOE, baseadas em contas médias de energia aumentando em 75% para cerca de £ 3.500 (US$ 4.234) em outubro, também destacam o tamanho do desafio que aguarda o substituto de Boris Johnson como primeiro-ministro do Reino Unido.

As pressões inflacionárias “se intensificaram significativamente”, disse o BOE. “O último aumento nos preços do gás levou a outra deterioração significativa nas perspectivas de atividade no Reino Unido.”

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Juntamente com a decisão, o BOE também apresentou seus planos para reduzir sua enorme carteira de títulos públicos que acumulou durante a crise.

As vendas ativas, as primeiras realizadas por um grande banco central, provavelmente começarão após uma votação em setembro e ficarão na faixa de cerca de £ 10 bilhões por trimestre. Incluindo resgates, o BOE estima que seu estoque de títulos cairá em cerca de £ 80 bilhões no primeiro ano do programa.

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