Volpon: BC quer parar de subir a Selic, mas exterior não permite

Segundo ex-diretor do Banco Central, aumento seguinte, depois de 13,75% ao ano, deve ser de 0,25 ponto percentual caso cenário permaneça inalterado

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Bloomberg Línea — O Banco Central do Brasil gostaria de parar o atual ciclo de altas da taxa de juros, mas ainda não encontrou uma janela em meio ao cenário externo de juros e inflação em alta, disse o economista Tony Volpon, estrategista-chefe da WHG (Wealth High Governance) e ex-diretor da autoridade monetária, em entrevista à Bloomberg Línea nesta quarta-feira (3).

Para ele, a autoridade deve aumentar a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, como esperado pelo mercado na decisão na noite de hoje (3), sem uma indicação de que deve encerrar o ciclo. Ainda assim, segundo Volpon, a próxima alta deve ser de, no máximo, 0,25 ponto percentual, caso as condições para o cenário exterior continuem melhorando na margem.

“O cenário melhorou um pouco, comparado com o que era antes. Os problemas de logística não estão tão severos, a perspectiva é de juros estáveis. Com essas condições, os mercados emergentes têm uma previsão melhor para o ano que vem do que foi o início deste”, disse.

A expectativa de que a Selic será elevada em 0,50 ponto percentual hoje é praticamente unânime entre os economistas consultados pela Bloomberg News. A curva de juros também precifica alta de meio ponto agora e indica ainda prêmio de cerca de 30 pontos para aperto nas duas reuniões seguintes. Uma semana atrás, este prêmio superava os 55 pontos, com elevações até dezembro.

Apesar do alívio atual da inflação, analistas têm elevado as projeções para o IPCA em 2023 diante do aumento dos gastos sociais, bem como da esperada reversão, ao menos parcial, da desoneração tributária.

No último relatório Focus divulgado na segunda-feira (1°), o mercado elevou as projeções para a taxa básica de juros em 2023, de 10,75% para 11% ao ano. Para a inflação, as expectativas recuaram de 7,30% para alta de 7,15% este ano, enquanto subiram de 5,30% para 5,33%, em 2023.

Segundo Volpon, mesmo que a perspectiva para a inflação do BC esteja desancorada do Focus, há uma visão mais otimista para 2023 e 2024 que faz com que a autoridade esteja disposta a “peitar” os sinais do mercado, e não reagir prontamente a essas previsões.

“Acho esse caminho o mais correto. É melhor ser dono do processo do que ficar correndo atrás”, apontou.

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