Opinión - Bloomberg

Será que a gigante Estée Lauder deseja entrar para o ramo da moda?

Tom Ford chamou a atenção da empresa de maquiagem – poderia este ser um bom negócio?

Empresa tem ramos de moda, acessórios e cosméticos. Este já é da Estée Lauder, mas estaria a gigante realmente interessada em assumir outras frentes?
Tempo de leitura: 3 minutos

Bloomberg Opinion — Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê. Esse será realmente o caso se a Estée Lauder (EL) adquirir a Tom Ford por US$ 3 bilhões.

Embora o grupo possa até desejar o controle total do braço de beleza e fragrâncias da Tom Ford, lidar com as roupas e acessórios da empresa estaria mais além de seu escopo.

A empresa homônima de beleza, óculos e vestuário, fundada pelo antigo diretor criativo da Gucci em 2005, está trabalhando com o Goldman Sachs (GS) para explorar uma possível venda. Na segunda-feira (1º), a Dow Jones informou que a Estée Lauder estaria negociando a compra da marca.

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A Estée Lauder já tem um acordo de licenciamento de longa data para as linhas de beleza e fragrâncias de luxo da Tom Ford. A gigante de cosméticos disse recentemente que a Tom Ford e Jo Malone, outra marca detida pela empresa, estavam próximas de faturar US$ 1 bilhão por ano cada uma. Isso pode explicar o suposto interesse da Estée – que não está comentando sobre o assunto no momento – já que ela não ia querer arriscar perder o lucrativo acordo de licenciamento para uma concorrente.

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Contudo, a Tom Ford não se trata apenas de beleza. A empresa também tem uma operação de óculos produzida e distribuída pela Marcolin. Não há motivos para que este acordo não possa continuar sob a direção da Estée Lauder. A parte mais complicada seria as roupas e acessórios da Tom Ford. A Estée Lauder não detém nenhuma casa de moda, então provavelmente precisaria encontrar um parceiro de luxo com experiência em vestuário.

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Esse parceiro provavelmente não será uma das gurus do luxo, como a LVMH ou a Kering, que detém a Gucci. Afinal, por que elas concordariam em produzir roupas e acessórios, mas não os itens de beleza?

Faria mais sentido se associar a um grupo menor, como Ermenegildo Zegna ou Diesel. A Zegna já tem uma relação comercial com Tom Ford. Domenico De Sole, ex-CEO da Gucci e atual presidente da marca Tom Ford, também faz parte da diretoria da Zegna.

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Então por que a Zegna não compra a Tom Ford? Seria útil para seu portfólio, que inclui a marca mais jovem Thom Browne, que adquiriu há quatro anos. O problema pode ser o preço. Embora a Zegna tenha um balanço forte após sua listagem em Nova York através de uma empresa de aquisição de propósito específico no ano passado, seu valuation é de cerca de US$ 3 bilhões, aproximadamente o preço que a Estée Lauder está considerando pagar pela Tom Ford.

Ao se vender como um negócio de beleza, a Tom Ford está buscando explorar um pouco dos valiosos múltiplos pagos pelo setor de cosméticos e skincare nos últimos cinco anos.

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Enquanto isso, qualquer empresa que produzisse os ternos ou vestidos da Tom Ford teria seu trabalho suspenso. Seria necessário manter a marca no topo da hierarquia do luxo para tentar mais consumidores a comprar seus batons e fragrâncias caros. E mesmo que a força da Tom Ford esteja no vestuário, ela não tem uma linha de bolsas de mão, verdadeiro propulsor do lucro da indústria do luxo.

Não está claro se o próprio Ford faria parte do acordo. A Bloomberg News informou que um acordo pode incluir uma opção de trabalhar com o fundador após a venda. Isso poderia tornar uma empresa de private equity que já estava interessada no negócio de beleza uma possível compradora. Mas com a apreensão dos mercados de financiamento, as condições podem ser mais difíceis.

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A Estée Lauder seria uma boa detentora da Tom Ford, assim como qualquer outra empresa, mas terá algumas complexidades a serem resolvidas. O truque será demonstrar que a beleza do acordo vai além das aparências.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Andrea Felsted é colunista da Bloomberg Opinion e escreve sobre os setores de varejo e bens de consumo. Anteriormente, escrevia para o Financial Times.

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