Diferença de Lula e Bolsonaro é a menor em um ano, aponta Quaest

Ex-presidente tem 12 pontos a mais nas intenções de voto a dois meses do primeiro turno e venceria no primeiro turno por votos válidos

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Bloomberg Línea — A diferença entre as intenções de voto no ex-presidente Lula (PT) e no presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a 12 pontos percentuais em agosto, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta manhã de quarta-feira (3). É a menor distância desde julho de 2021, quando a Quaest começou a realizar pesquisas para as eleições deste ano.

O ex-presidente chegou a 44% das intenções de voto, e o atual presidente, a 32%. Na pesquisa anterior, Lula tinha 45%, e Bolsonaro, 31%, com diferença de 14 pontos.

A pesquisa foi feita entre os dias 28 e 31 de julho e ouviu 2 mil pessoas presencialmente. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-02546/2022.

Depois de Lula e Bolsonaro aparecem os candidatos Ciro Gomes (PDT), com 5%, e Simone Tebet (MDB) e André Janones (Avante), empatados com 2% cada um.

Na terça-feira (2), o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) cassou a chapa pela qual Janones foi eleito deputado em 2018 por fraude na cota de gênero. Para efeitos da Lei da Ficha Limpa, Janones pode estar inelegível, mas cabe ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avaliar as condições de elegibilidade dos candidatos a presidente.

A distância de 12 pontos entre Lula e Bolsonaro é verificada a cerca de dois meses do primeiro turno das eleições. A Quaest afirma que os resultados apontam para uma recuperação do presidente. Desde janeiro, Bolsonaro teve aumento de nove pontos percentuais, enquanto Lula ficou praticamente estável, oscilando de 45% para 44% (chegou a 46% em abril e maio, mas depois caiu).

A Quaest afirma, no entanto, que, contando apenas os votos válidos, Lula ganharia a eleição hoje no primeiro turno, com 51% dos votos.

A rejeição a Bolsonaro caiu. Era de 59% dos eleitores em julho e, em agosto, ficou em 55%. Já a rejeição a Lula cresceu de 41% para 44% no período.

Lula também perdeu terreno no Nordeste, região onde está seu eleitorado mais fiel, e no Norte. Apesar disso, ainda lidera com folga no Nordeste: ganha de 61% a 20%, embora a diferença tenha caído de mais de 50 pontos para 41 pontos.

Na Região Norte, o petista vence por 40% a 37%, apenas um ponto acima da margem de erro, de dois pontos percentuais.

Na estratificação por sexo, há estabilidade. Lula ganha de Bolsonaro por 46% a 28% entre as mulheres e de 43% a 36%, entre os homens.

O número de eleitores que dizem que a economia é “muito importante” para a decisão do voto segue em 58%, mas os que dizem que a economia piorou no último ano caíram de 64% para 56% - embora 53% ainda digam ter sentido sua capacidade de pagar contar piorar nos últimos três meses.

O índice de pessoas que consideram a economia o pior problema do país caiu de 44%, em julho, para 40%, em agosto. Ainda é o principal problema apontado pelos eleitores, mas em um mês perdeu espaço para “questões sociais”, quesito apontado por 20% dos eleitores (a maioria deles cita fome e miséria como problemas sociais).

A pesquisa mostrou ainda que 53% do eleitorado disse que tomou conhecimento do discurso em que Bolsonaro repetiu afirmações não comprovadas sobre o sistema eleitoral a embaixadores no Palácio da Alvorada, no mês passado. E 41% dos entrevistados disseram que a reunião diminuiu as chances de voto no presidente. Outros 31% disseram que não faz diferença.

O discurso prejudicou mais o presidente do que os efeitos causados pelo aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, segundo a pesquisa: 24% disseram que suas chances de voto em Bolsonaro aumentaram com o aumento, que só começará a ser pago em 18 de agosto.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro vem conseguindo se descolar da responsabilidade pelo aumento dos combustíveis. Em julho, 25% dos eleitores o consideravam responsável pela inflação do setor e 25% apontavam “fatores externos”. Em agosto, 21% passaram a culpar o presidente e 34% culparam “fatores externos”. A Petrobras era responsabilizada por 20% e passou a sê-lo por 18%.

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