Bloomberg — A China alertou as companhias aéreas que operam na Ásia para que evitem sobrevoar áreas ao redor de Taiwan, onde o governo está realizando exercícios militares em resposta à visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha.
Um aviso oficial enviado na noite da terça-feira (2), horário de Hong Kong, designou seis áreas do espaço aéreo como “zonas de perigo”, segundo companhias aéreas que receberam a mensagem e Jang Chang Seog, funcionário do Ministério dos Transportes da Coreia. A restrição de voos será de 4 a 7 de agosto.
Pelosi foi a maior autoridade política americana a visitar Taiwan em 25 anos, gerando represálias e uma série de respostas econômicas e militares por parte da China. A China considera a ilha – uma democracia vibrante e fornecedora essencial de semicondutores – parte do país. Taiwan continua sendo o problema mais sensível entre os EUA e a China, com o potencial de um dia desencadear um conflito militar.
A empresa chinesa Xiamen Airlines anunciou ajustes em vários voos, citando o “controle de fluxo” em Fujian, logo após o Estreito de Taiwan. Os pilotos da Cathay Pacific Airways foram aconselhados a transportar 30 minutos de combustível extra para uma possível mudança de rota em Taiwan.
A autoridade de aviação civil da China não retornou aos pedidos de comentários da Bloomberg News.
Mais ao norte, a Korean Air está planejando redirecionar alguns de seus serviços para o sul da Ásia a fim de evitar o espaço aéreo de Taiwan durante o período de exercícios militares da China, disse uma porta-voz por mensagem de texto. A ANA recebeu o aviso e está mudando suas rotas para Taiwan, segundo um representante da companhia aérea japonesa. Tanto a ANA como a Japan Airlines disseram que os voos para e de Taiwan continuarão normalmente.
Taiwan está conversando com o Japão e as Filipinas sobre rotas aéreas alternativas, informou a ETtoday, citando Wang Kwo-tsai, ministro de Transportes e Comunicações. Wang supostamente afirmou que o Escritório Marítimo Portuário de Taiwan também alertou os navios para evitar a área dos exercícios.
As filiais locais da administração de segurança marítima da China também emitiram múltiplos avisos para navios que atravessam alguns territórios, citando os exercícios militares e a prática de tiros, segundo declarações do governo.
Os transtornos para as companhias aéreas ocorreram devido à escalada das tensões entre os EUA e a China, enquanto as empresas enfrentam problemas com as cadeias de abastecimento globais provocados pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Não está claro se a proibição de voos será estendida além do período inicial de três dias, o que aumenta as preocupações com o aumento dos preços das commodities e os riscos da cadeia de suprimentos.
No Aeroporto Internacional Xiamen Gaoqi, um dos aeroportos do continente mais próximos de Taiwan, 123 voos foram cancelados, ao passo que 79% dos voos operavam normalmente, segundo a provedora de dados Variflight. No Aeroporto Internacional Fuzhou Changle, em Fujian, 93 voos foram cancelados e 74% dos voos operavam normalmente.
Seguindo o alerta, o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul enviou outro aviso às companhias aéreas locais para reafirmar a segurança dos voos em direção a Taiwan, disse Jang. A Asiana Airlines, outra grande companhia aérea coreana, ainda não fez nenhuma alteração nas operações, disse um porta-voz por telefone.
--Com a colaboração de Angus Whitley, Tsuyoshi Inajima e Nao Sano.
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