Wise anuncia aumento de taxas para remessas e cita mercados mais voláteis

Gigante global de remessas pede devolução de cerca de R$ 42 milhões que estariam sendo retidos por ex-parceiro MS Bank em ação na Justiça britânica

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Bloomberg Línea — A virada das condições de mercado e da economia vai alterando cada vez mais políticas mais agressivas de crescimento de startups e fintechs.

A Wise (ex-TransferWise), uma das líderes globais em remessas, disse que vai aumentar suas taxas cobradas a partir de outubro para o envio de dinheiro de dólares americanos e para o envio para pesos mexicanos, além de outras moedas. A fintech britânica atribuiu o movimento “a mercados que estão mais voláteis recentemente”. Os novos valores exatos dependem de cada transação.

A Wise diz que as condições macroeconômicas tornam mais caro para a fintech comprar e vender moedas, o que a faz precisar aumentar suas taxas de transação para cobrir esses custos. A empresa também afirmou que continua investindo de forma sustentável em sua infraestrutura e, portanto, está refletindo isso no preço hoje, “para nos ajudar a reduzir o custo de movimentação de dinheiro no futuro”.

Sabemos que isso não é uma boa notícia e sentimos muito por isso. Tentaremos reduzir nossas taxas o mais rápido possível”, disse a Wise em comunicado.

As taxas estão aumentando para o envio de dinheiro das moedas de Estados Unidos, Suíça, Canadá, Japão, Hungria, Malásia, Turquia, Índia, Suécia, Polônia, República Tcheca, Dinamarca, Noruega e Romênia para qualquer moeda.

A empresa também está aumentando a taxa para enviar dinheiro para as moedas de Estados Unidos, Índia, Tailândia, Filipinas, Indonésia, Malásia, México, Polônia, Paquistão, Coréia do Sul, Vietnã, Marrocos e Hungria a partir de para qualquer moeda.

Em outro movimento, desta vez na Bolsa de Londres, o JP Morgan Chase vendeu na segunda-feira (1) 2.660.669 de ações que tinha da Wise. O banco americano passou a deter 0,93% da empresa, reduzindo sua posição para 9.566.255 ações, segundo dados do terminal da Bloomberg.

Os principais acionistas ainda são os cofundadores Kristo Käärmann e Taavet Hinrikus, ambos da Estônia, com 18,16% e 10,1% das ações em circulação, respectivamente, segundo o terminal da Bloomberg. Outro acionista relevante é o fundo de VC Andreessen Horowitz, com 8,99% das ações.

No ano fiscal de 2022, a fintech britânica reportou cerca de R$ 3,6 bilhões em receitas e 7 milhões de usuários ativos no mundo.

Planos de contratações no Brasil

No entanto, contra a maré adversa em startups e fintechs, a Wise disse que pretende aumentar seu número atual de funcionários no Brasil em quatro vezes até o terceiro trimestre de 2023.

Para isso, a Wise transferiu seu escritório de São Paulo para um andar inteiro em um prédio da WeWork na região da Avenida Paulista. A empresa disse que vai contratar para diversas funções, incluindo compliance, fincrime (área que cuida do combate a crimes e fraudes financeiras), atendimento ao cliente e operações.

“Ampliar o portfólio da Wise no Brasil foi essencial para expandir nossos negócios no país, um dos mercados prioritários para a empresa. Com o aumento da equipe, queremos atender melhor as demandas específicas da nossa crescente base de clientes brasileiros”, disse Pedro Barreiro, líder de Banking e Expansão da Wise no Brasil, em nota à imprensa.

Presente no Brasil desde 2016, a Wise vem ampliando sua oferta de produtos para clientes brasileiros.

Em dezembro do ano passado, a fintech lançou a possibilidade de manter saldo em reais para seus clientes e um cartão de débito internacional, disponível nas versões física e digital. A Wise diz que, em março de 2022, mais de 130 mil cartões já haviam sido entregues aos clientes brasileiros.

Ação contra o MS Bank

O crescimento da operação no Brasil, no entanto, não se deu sem sobressalto. No começo de 2021, a Wise foi acusada pelo correspondente cambial brasileiro MS Bank, que havia sido seu parceiro, de ter cometido suposta prática indevida de remessas. A Wise negou as acusações e disse que eram falsas e infundadas.

O MS Bank encerrou na ocasião sua parceria com a Wise. No final do ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) notificou a empresa curitibana de um processo movido pela Wise no Reino Unido.

“Cuida-se de carta rogatória por meio da qual a Justiça do Reino Unido solicita que se proceda à notificação de MS Bank para responder a ação judicial em trâmite no Tribunal Superior de Justiça e Tribunal da Coroa da Inglaterra e País de Gales.”

A Wise disse à Bloomberg Línea, por meio de nota, que entrou com uma ação contra o MS Bank pela devolução de aproximadamente 6,7 milhões de libras que pertencem à Wise e que, segundo a fintech britânica, estariam sendo indevidamente retidos pelo MS Bank Banco de Câmbio.

“Esses fundos correspondem a transações iniciadas por clientes que usaram o serviço para enviar dinheiro do Brasil antes da rescisão do contrato pelo MS Bank em 18 de fevereiro de 2021. A Wise honrou esses pagamentos aos beneficiários, mas o MS Bank manteve esses fundos indevidamente até o momento presente”, diz a nota. A Bloomberg Línea não conseguiu contato com o MS Bank.

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