TIM Brasil amplia receita com serviço móvel e faz nova oferta por roaming

Executivos da operadora de telefonia móvel dizem desconsiderar risco de aquisição de ativos da Oi móvel ser desfeita, apesar de questionamento da Anatel

TIM Telecom Italia
02 de Agosto, 2022 | 03:31 PM

São Paulo — Uma das apostas de analistas no setor de telecom, a TIM Brasil (TIMS3) está no radar também por razões que vão além de seu desempenho operacional.

Em teleconferência nesta terça-feira (2) sobre os resultados do segundo trimestre, o CEO da TIM Brasil, Alberto Griselli, e a CFO, Camille Faria, revelaram a analistas que uma segunda proposta para o preço do roaming foi apresentada à Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações, na última sexta-feira (29) para tentar desfazer o nó que impede a aprovação da compra dos ativos da Oi móvel.

PUBLICIDADE

Os executivos descartaram o risco de o negócio, anunciado originalmente em dezembro de 2020 por R$ 16,5 bilhões e aprovado pela Anatel em janeiro deste ano, ser desfeito.

TIM Brasil, Vivo (VIVT3) e América Móvil (Claro) propuseram inicialmente valores acima dos praticados no mercado para o roaming (uso de rede por terceiros) cobrado de operadoras menores, e a Anatel apontou nos últimos dias o risco extremo de o negócio não ser concretizado.

As incertezas sobre a aquisição, que ampliam a capacidade de crescimento da operadora italiana, ocorrem no momento em que a TIM Brasil reportou uma queda de 58% no lucro líquido no segundo trimestre na base anual em razão justamente de gastos com a aquisição de parte da Oi móvel.

PUBLICIDADE

O resultado, no entanto, foi bem avaliado por analistas. Para o time de equity research do Bank of America, os números foram melhores que o esperado no que mais importava. Os analistas Fred Mendes, CFA, Mirela Oliveira, Lucca Brendim e Gustavo Tiseo, que assinam o relatório, apontam que “o principal destaque positivo foi o crescimento orgânico de 12,8% na receita com serviços móveis (MSR), versus 8,7% das estimativas do BofA, o que é um sinal de um mercado mais racional com três players atualmente”.

O impasse do roaming

O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, disse à Bloomberg Línea na última semana que o impasse do roaming pode acabar em uma guerra jurídica e atrasar a implantação da tecnologia 5G no país.

As três maioras operadoras de telefonia móvel do país inicialmente apresentaram proposta para cobrar até R$ 40 por gigabyte e conseguiram liminares na Justiça para evitar o preço de referência da Anatel, de R$ 2,60 em 2022 e R$ 2,20 em 2023.

PUBLICIDADE

A nova proposta das três operadoras é de R$ 4,91, mais que o dobro do valor definido pela agência, que decidiu entrar com um recurso na Justiça contra as liminares obtidas pelas companhias.

A definição de um preço de roaming no atacado era um dos “remédios” definidos pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão antitruste, para aprovar a venda fatiada dos ativos da Oi Móvel para as três principais concorrentes. O acordo foi originalmente anunciado no fim de 2020.

Alberto Griselli e Camille Faria disseram que “não há estresse” com as autoridades regulatórias e que a migração de clientes da Oi será em ondas, a partir de setembro.

PUBLICIDADE

Analistas também expressaram dúvidas sobre as provisões feitas pela companhia para multas e torres adquiridas da Oi. A TIM Brasil disse que ainda trabalha na captura de sinergias com a integração dos ativos e que vai cumprir os compromissos firmados com o Cade para a venda de torres e antenas.

Redução do ICMS

Outro tema de interesse de analistas foi o cronograma do 5G. Os executivos falaram sobre a implantação da nova tecnologia inicialmente em quatro capitais (Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte e João Pessoa). Na próxima quinta-feira (4), o 5G será oficialmente lançado em São Paulo.

A TIM também prepara o repasse da redução do ICMS (imposto estadual) para os consumidores. Analistas questionaram a fórmula do repasse para o serviço pré-pago (R$ 15 para 15 gigas em 15 dias) ainda neste mês. A operadora explicou que resolveu adotar essa fórmula devido ao padrão de consumo do consumidor, oferecendo mais gigas do que o corte de impostos cobria.

Sobre a competição com as operadoras regionais, a TIM respondeu aos analistas que vai manter a abordagem nacional para promoções e que a dinâmica da competição do mercado está mais racional, descartando descontos agressivos em seus serviços para ganhar market share.

A dívida líquida da TIM atingiu R$ 15,889 bilhões no segundo trimestre, quase triplicando em relação ao primeiro trimestre (R$ 5,888 bilhões), em razão principalmente do pagamento da aquisição dos ativos da Oi móvel. A relação dívida líquida/Ebitda saltou de 0,7x no primeiro trimestre para 1,7x.

A administração da TIM Brasil também foi questionada sobre a participação indireta acumulada de 5,16% no capital do C6 Bank e sobre as opções estratégicas da parceria - a operadora é remunerada pela captação de clientes para o banco digital. A TIM disse estar em um processo de arbitragem e que espera a conclusão desse caso para decidir sobre novas formas de monetização.

Leia também

Como a Movida dobrou de tamanho apesar dos juros e dos gargalos do setor

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.